VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O DIÁLOGO DA DEMOCRACIA



ZH 08 de outubro de 2014 | N° 17946


EDITORIAL


O eleitor espera que a coerência em torno de ideias e projetos

oriente a movimentação em direção às alianças do segundo turno.



A reacomodação de forças provocada pela disputa do segundo turno desafia os partidos, os candidatos e o país a compreender o real significado da convivência de afinidades e diferenças em uma democracia. É agora que a disputa provoca mobilizações em busca de convergências entre vitoriosos e ex-rivais derrotados no primeiro turno. Evidenciam-se, nas tentativas de apoio, para que o lastro político seja ampliado, não só as conversas francas em torno de programas e ideais, mas também as aproximações oportunistas. O eleitor deve estar alerta para as negociações apenas circunstanciais, sem a menor coerência programática, porque essas não representam movimentos naturais da política e da ocupação de espaços no setor público.

A rearticulação em torno dos projetos vitoriosos na primeira etapa da eleição faz parte da lógica de qualquer enfrentamento democrático. É assim que os partidos procuram conquistar votos e formar bases de apoio nos legislativos, com vistas ao que pretendem realizar no poder. Nesse contexto, são politicamente ingênuos os que almejam governos construídos em torno de pretensas purezas de propósitos e ideologias. O Brasil tem exemplos relativamente recentes de fracassos de governantes que, ludibriados pela soberba, tentaram administrar sem o suporte de aliados e fracassaram. O cenário oposto, em que tudo se negocia em nome da governabilidade, é mais danoso para todos. Não são raros os casos em que, sob o pretexto da viabilização de ambições e projetos, governos foram loteados, com a propagação de mais clientelismo, desperdício e corrupção.

A tentação é grande, num ambiente inflacionado pelo excesso de 32 partidos, que transforma a política num mercado de trocas e conchavos. Intensifica-se agora, com o afunilamento da disputa, o escambo de apoios e cargos em futuros governos. A incoerência é tanta, que muitos adversários ou aliados, em nível federal, invertem suas posições nas disputas regionais. Aproximam-se ou distanciam-se como se a política tivesse assumido, sem culpas, os defeitos de uma atividade propícia a negociatas.

O eleitor espera que, nas eleições para a Presidência e nos Estados que ainda não definiram seus governadores, os acordos sejam articulados em torno de ideias efetivamente relevantes e com transparência. O esforço pela conquista do poder não pode se resumir a barganhas motivadas pelo rateio da administração pública. O segundo turno, mais do que o primeiro, é o momento para que partidos e candidatos coloquem à prova as virtudes do diálogo e da formação de alianças autênticas nas democracias.

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