ZH 06 de outubro de 2014 | N° 17944
EDITORIAL
Foi sábia a decisão dos constituintes de 1988 ao contemplarem o instituto do segundo turno na Carta Maior.
Definidos os candidatos que disputarão o segundo turno da eleição presidencial – Dilma Rousseff e Aécio Neves – e de alguns governos estaduais, entre os quais o Rio Grande do Sul, os eleitores brasileiros terão três semanas para optar entre a continuidade e a alternância, na maioria dos casos, mas principalmente entre aqueles que efetivamente têm projetos para a população e não apenas para a conquista do poder. Para que a disputa polarizada seja mesmo outra eleição, como gostam de dizer os próprios políticos, é essencial que os pretendentes aos cargos mais importantes da República envolvam-se num debate construtivo, aprofundem suas propostas e ofereçam à população soluções claras para os problemas nacionais.
Foi sábia a decisão dos constituintes de 1988 ao contemplarem o instituto do segundo turno na Carta Maior. O mecanismo evita que um governante assuma o posto com apoio escasso do eleitorado, ao mesmo tempo em que estimula os cidadãos a acompanharem mais atentamente os debates e as propagandas para se posicionar.
São razões suficientes para que os escolhidos na votação de ontem deixem em segundo plano os ataques pessoais e a estratégia da desconstrução para se concentrarem mais em questões da vida real, a começar pelas ameaças de turbulência na economia. O país precisa manter a estabilidade, precisa crescer, precisa manter o nível de emprego. E as pessoas querem saber o que os candidatos farão efetivamente para garantir o crescimento econômico. Mais do que isso: agora, sem a desculpa da falta de tempo, eles têm o dever de explicitar os meios e recursos que pretendem utilizar para alcançar seus propósitos.
Ninguém ignora que o país precisará de remédios amargos para sair da estagnação. Então, nesta disputa de segundo turno, os candidatos não poderão mais olhar apenas para o passado. Chegou a hora de enfrentar o presente e projetar o futuro sem subterfúgios. E este desafio se torna maior ainda com as mudanças na composição do parlamento, cujo apoio terá que ser conquistado ou reconquistado pelo futuro governante.
Também por isso o debate deste segundo turno tem que se focar no país real. O candidato que quiser contar com a preferência e o apoio da maioria dos brasileiros já deve começar a governar agora, apresentando propostas convincentes e factíveis para melhorar o país – e não apenas para conquistar o poder.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - DISCORDO. A tal "sabedoria" costurou um artifício para fazer alianças e pactos nada éticos.
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