VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

QUANDO A MAIORIA SILENCIOSA ACABA DECIDINDO



JORNAL DO COMERCIO 06/10/2014


EDITORIAL



As análises serão muitas, as interpretações, variadas. No entanto, a lição que fica, mais uma, das eleições no Rio Grande do Sul é que ataques entre candidatos não somam. Pelo contrário, desgastam e acabam tirando votos. José Ivo Sartori (PMDB), simples, estava acima e fora do embate acusatório entre os dois principais favoritos, Ana Amélia Lemos (PP) e Tarso Genro (PT), ficando Vieira da Cunha (PDT), junto com José Ivo Sartori, como terceiros, as opções. Pois José Ivo Sartori acabou sendo o ungido para o segundo turno, tudo indica, nos últimos 10 dias, no máximo, segundo apontavam as pesquisas. O favoritismo de muitas semanas de Ana Amélia Lemos caiu para um modesto terceiro lugar. Tarso Genro manteve-se em segundo, mas atrás de quem poucos supunham, e Vieira da Cunha não conseguiu amealhar o caudal de votos do ícone do trabalhismo gaúcho, Leonel Brizola, quando decorreram 25 anos da primeira eleição direta para presidente desde a ditadura (1964-1985). Em nível federal, o segundo turno será entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), desbancando também uma favorita até poucos dias, Marina da Silva (PSB).

A experiência democrática no País é tão curta e recente que brasileiros com 43 anos de idade votaram o mesmo número de vezes que brasileiros de 70 anos. Houve, no Brasil da campanha política de 2014, uma multidão dos que não viveram o suficiente em termos de debates. Por isso, os que se abstiveram de pensar em quem votariam para presidente, governador, senador e os legislativos estadual e federal, com certeza não é de uma carpideira que precisam, mas de um adivinho. É preciso ouvir palavras que jamais foram ditas, que ficaram no fundo dos corações dos eleitores. Cada um de nós perscrute o seu coração porque essas palavras, essas indagações estão lá, para o segundo turno. É preciso fazer com que os silêncios do que não foi dito falem para que o Estado e o Brasil ouçam.

Repetir sobre a importância da educação, da saúde e da segurança na vida do Estado e do Brasil é falar mais do mesmo. Obras de infraestrutura, como portos, rodovias e aeroportos foram ações pouco debatidas. Ninguém elencou o que faria nesse setor, salvo o que está em andamento.

Mesmo que os problemas coletivos das sociedades gaúcha e brasileira tenham apresentado sintomas claros, no palco permaneceu algo vazio, as palavras ditas por multidões em 2013 ficaram sufocadas. Mesmo que muitas advertências fossem ditas, pouco foi ouvido por quem de direito. Os gaúchos e brasileiros parecem sofrer de uma insônia cuja causa político-administrativa não foi possível descobrir. Um analista diria que a mente coletiva, apesar de esgotada em suas esperanças de ver o que almeja sendo concretizado, tem medo de adormecer. Medo até mesmo dos sonhos por um Rio Grande do Sul e um Brasil melhor, medo de perder o seu domínio sobre o dia posterior e sobre o mundo em que vive, malgrado suas frustrações. Aos que perderem, que não venha a desilusão com a política. Não houve desonra, pelo contrário. O Planalto, o Piratini e o Parlamento serão o reflexo das pessoas que elegemos, um corte vertical das virtudes e defeitos dos gaúchos. O meio mais eficaz para os derrotados continuarem na vida partidária será a busca pelo aperfeiçoamento, mais justos e virtuosos do que até então.

Nenhum comentário: