VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 9 de abril de 2011

INDESMENTÍVEL



PF torna o mensalão indesmentível - EDITORIAL O GLOBO, 06/04/2011

Ao ser denunciado, em 2005, por um de seus beneficiários, o petebista fluminense Roberto Jefferson, o mensalão explodiu sem dar chances a petistas e ao governo Lula de desmenti-lo de forma convincente. O escândalo cresceu a ponto de, no final daquele ano, o próprio presidente declarar que havia sido traído. Era o reconhecimento de que estrelas do partido e autoridades bem situadas no governo haviam participado, de alguma forma, de um esquema de corrupção política. Veio, então, a CPI dos Correios, em que surgiram provas e mais evidências do esquema de lavagem de dinheiro montado pelo PT e o lobista mineiro Marcos Valério, para azeitar a bancada governista no Congresso e financiar campanhas de aliados. Naquela comissão houve a confissão do marqueteiro da campanha de 2002, Duda Mendonça, de que recebera pelos serviços prestados em dinheiro ilegal, no exterior. No dia, petistas choraram no Congresso. Alguns abandonaram a legenda.

Parecia o fundo do poço, quando petistas teriam arquitetado trocar o compromisso da não tentativa de reeleição de Lula pela permanência dele no cargo até o fim do mandato. O desfecho deste capítulo do escândalo ocorreu com o encaminhamento ao Supremo, pelo Ministério Público Federal, do pedido de denúncia da "organização criminosa" do mensalão, à frente da qual estava, segundo o MP, o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, àquela altura já cassado pela Câmara dos Deputados, assim como o denunciante Roberto Jefferson.

Denúncia aceita, o tempo passou, os ventos na economia passaram a soprar a favor de Lula e PT. Vitorioso em 2006, o presidente mudou o discurso do final de 2005. O mensalão virou uma "farsa", engendrada, segundo a militância, pela "mídia golpista" - tese fantasiosa lapidada por alguns intelectuais orgânicos. Lançou-se, inclusive, campanha para anistiar Dirceu na Câmara.

Mas a Polícia Federal, a pedido do ministro relator do processo no STF, Joaquim Barbosa, fez investigações do caso, cujas conclusões foram reveladas pela revista "Época". Não só o esquema do valerioduto foi confirmado, como acabaram as dúvidas sobre um ponto relevante: foi, sim, desviado dinheiro público do Banco do Brasil, por meio da Visanet, empresa de cartões de crédito na qual o BB tinha participação. Entre as novidades encontradas pela PF - numa atuação à altura de um organismo de Estado, como deve ser, e não do governo de turno - está o elo entre pessoa do círculo de amizades do ex-presidente Lula, o segurança Freud Godoy, e o valerioduto. Ele recebeu do esquema R$ 98 mil, por serviços de segurança prestados a Lula na campanha de 2002 e na fase de transição para a posse. Fechou-se mais um circuito entre a cúpula lulopetista e o esquema.

Pelas 332 páginas do relatório da PF desfilam, entre muitos outros, o atual ministro Fernando Pimental - ajudado na campanha de 2004 em BH -, o indefectível senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o empresário Daniel Dantas. Aparece até o tucano Pimenta da Veiga, remunerado por serviços advocatícios. A investigação não será anexada ao processo, pois reabriria todos os prazos, para satisfação dos mensaleiros. Mas pode justificar novas denúncias. E deve tornar menos factível a previsão de Delúbio Soares, mensaleiro, tesoureiro petista na época da operação de lavanderia financeira, de que tudo acabaria como uma "piada de salão". Espera-se que não.

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