PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - Era só o que faltava
Com poderes restritos para legislar, já que está impedida de produzir leis que criem despesas, a Assembleia gaúcha se expôs ao ridículo, ontem, ao aprovar projeto do deputado Raul Carrion (PC do B) que tenta restringir o uso de palavras estrangeiras. Em território gaúcho, a propaganda terá de ser abrasileirada, ou trazer ao lado de cada palavra estrangeira sua tradução ou uma explicação sobre o que significa. Mouse no computador? Nem pensar. Teremos que chamar de rato. Site? Não, sítio.
Carrion segue a linha de seu guru, o deputado federal Aldo Rebelo, que trava uma guerra sem trégua contra os estrangeirismos, sem que até agora tenha conseguido algum sucesso na tentativa de barrar os frutos da globalização. Mas não desiste. Para aprovar seu projeto, Carrion apelou até para questões de saúde, argumentando que, diante da confusão entre “diet” e “light”, usados nas embalagens, os diabéticos correm o risco de ter seus problemas agravados.
É verdade que a propaganda abusa dos termos em inglês e que é patético uma loja trocar liquidação por “sale” e encher as vitrines de palavras como “save” e “off”, em vez de usar o popular “desconto”. Se a mensagem não funciona, problema do anunciante, da agência, da loja. Se funciona, por que aprovar uma lei impondo regras de eficácia duvidosa?
O governador Tarso Genro tem 30 dias para sancionar ou vetar o projeto. Mesmo que sancione – e se sujeite a também virar piada nacional –, dificilmente a lei vai pegar. Primeiro, porque não há como remar contra a globalização. Segundo, porque não há punição prevista para quem descumprir a lei.
A Assembleia faria melhor se, em vez de restringir o uso de estrangeirismos, aprovasse uma lei obrigando as escolas públicas a incluírem o inglês no currículo do primeiro ano do Ensino Fundamental ao 3º do Ensino Médio. Seria uma forma de dar aos alunos de escolas públicas condições para competir no mercado de trabalho com quem estudou na rede privada. Ou o deputado Carrion acha que inglês fluente não faz diferença no currículo de um candidato a emprego?
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Em plena globalização e indo contra a cultura brasileira de incorporar palavras estrangeiras, a AL-S lava as mão aprovando uma lei inconstitucional e inaplicável. Esta na hora da Casa do Povo se preocupar com os atos do Poder Executivo, do qual é fiscal, que vem pagando salários miseráveis aos servidores públicos que atuam num ambiente onde existe precariedade na educação, sucateamento da saúde, inoperância da segurança pública e violações de direitos humanos nas casas prisionais.
A Sociedade organizada têm por dever exigir dos Poderes de Estado o foco da finalidade pública e a observância do interesse público na defesa dos direitos básicos e da qualidade da vida da população na construção de uma sociedade livre, justa e democrática. Para tanto, é necessário aprimorar as leis, cumprir os princípios administrativos, republicanos e democráticos, zelar pelas riquezas do país, garantir a ordem pública, fortalecer a justiça e consolidar a Paz Social no Brasil.
VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.
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