Ex-chefe de gabinete de Marco Maia é acusado de se apropriar indevidamente de quadros doados à Câmara
Izabelle Torres
Na Câmara dos Deputados costuma-se dizer que alguns servidores acumulam ao longo dos anos mais poder que os próprios políticos. José Umberto de Almeida, chefe de gabinete da presidência da Casa desde que Marco Maia (PT-SP) assumiu o cargo, é um desses personagens. Ao longo de 29 anos de carreira como técnico legislativo, Almeida se tornou uma pessoa influente na Casa. Colecionou desafetos e, agora, tem sua conduta exposta. Isso aconteceu a partir de duas denúncias que chegaram ao Ministério Público do Distrito Federal na semana passada. Almeida é acusado por ex-funcionários de se apropriar indevidamente de obras de arte doadas por artistas que participam de exposições na Câmara. Como uma espécie de mecenas ao avesso, o servidor, segundo a denúncia, usava o cargo para selecionar quais pintores e escultores mereciam um lugar nas exposições e, em troca, exigia determinadas obras como presente. Em alguns casos, ele as comprava por preço subestimado.
A OBRA. Um dos quadros que foram parar na casa de José Umberto foi “A Viagem” (à cima), de Marysia Portinari
O Código de Ética do servidor público federal veda o uso do cargo para obter facilidades, favorecimentos e impede o recebimento de “qualquer tipo de gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem”. Mas a denúncia, que está sendo apurada pelo MP, indica que o chefe de gabinete de Maia, ao dar a palavra final sobre os artistas que iriam expor, teria se apossado de ao menos três obras que deveriam ter sido integradas ao acervo da Câmara. Vários artistas, segundo consta da denúncia, deram quadros a Almeida em troca do apoio. Uma das obras que acabaram na parede da casa de Almeida foi “A Viagem”, de Marysia Portinari, sobrinha do ícone do modernismo brasileiro Cândido Portinari. A ausência do quadro chamou a atenção de funcionários, que começaram a pressionar o servidor. Almeida garante que pagou R$ 5 mil pelo óleo sobre tela. Mesmo assim, em abril, quando o assunto já era corrente na Câmara, ele resolveu doar a obra para o acervo da Casa.
Colecionador de arte e irmão de um dono de galeria, Almeida é o padrinho da criação do chamado Gabinete de Arte, projeto que utiliza as paredes do corredor de acesso à presidência da Câmara para exposições, sem que essas precisem passar por editais de seleção. Em regra, cada expositor deve doar uma de suas peças para compor o museu da Câmara, que já recebeu 66 obras, entre 2009 e 2012. O agora ex-chefe de gabinete – Almeida foi afastado no início de julho – garante que nunca se apropriou das obras indevidamente e que doou tudo o que teria ganho como “presente”. “Como podem dizer que me beneficiei, se estou doando o que tenho para o museu?” Com a palavra, os procuradores.
fotos: Robson Davila; Beto Oliveira/Câmara dos Deputados; Saci/DN/D.A Press
Na Câmara dos Deputados costuma-se dizer que alguns servidores acumulam ao longo dos anos mais poder que os próprios políticos. José Umberto de Almeida, chefe de gabinete da presidência da Casa desde que Marco Maia (PT-SP) assumiu o cargo, é um desses personagens. Ao longo de 29 anos de carreira como técnico legislativo, Almeida se tornou uma pessoa influente na Casa. Colecionou desafetos e, agora, tem sua conduta exposta. Isso aconteceu a partir de duas denúncias que chegaram ao Ministério Público do Distrito Federal na semana passada. Almeida é acusado por ex-funcionários de se apropriar indevidamente de obras de arte doadas por artistas que participam de exposições na Câmara. Como uma espécie de mecenas ao avesso, o servidor, segundo a denúncia, usava o cargo para selecionar quais pintores e escultores mereciam um lugar nas exposições e, em troca, exigia determinadas obras como presente. Em alguns casos, ele as comprava por preço subestimado.
A OBRA. Um dos quadros que foram parar na casa de José Umberto foi “A Viagem” (à cima), de Marysia Portinari
O Código de Ética do servidor público federal veda o uso do cargo para obter facilidades, favorecimentos e impede o recebimento de “qualquer tipo de gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem”. Mas a denúncia, que está sendo apurada pelo MP, indica que o chefe de gabinete de Maia, ao dar a palavra final sobre os artistas que iriam expor, teria se apossado de ao menos três obras que deveriam ter sido integradas ao acervo da Câmara. Vários artistas, segundo consta da denúncia, deram quadros a Almeida em troca do apoio. Uma das obras que acabaram na parede da casa de Almeida foi “A Viagem”, de Marysia Portinari, sobrinha do ícone do modernismo brasileiro Cândido Portinari. A ausência do quadro chamou a atenção de funcionários, que começaram a pressionar o servidor. Almeida garante que pagou R$ 5 mil pelo óleo sobre tela. Mesmo assim, em abril, quando o assunto já era corrente na Câmara, ele resolveu doar a obra para o acervo da Casa.
Colecionador de arte e irmão de um dono de galeria, Almeida é o padrinho da criação do chamado Gabinete de Arte, projeto que utiliza as paredes do corredor de acesso à presidência da Câmara para exposições, sem que essas precisem passar por editais de seleção. Em regra, cada expositor deve doar uma de suas peças para compor o museu da Câmara, que já recebeu 66 obras, entre 2009 e 2012. O agora ex-chefe de gabinete – Almeida foi afastado no início de julho – garante que nunca se apropriou das obras indevidamente e que doou tudo o que teria ganho como “presente”. “Como podem dizer que me beneficiei, se estou doando o que tenho para o museu?” Com a palavra, os procuradores.
fotos: Robson Davila; Beto Oliveira/Câmara dos Deputados; Saci/DN/D.A Press
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