A Sociedade organizada têm por dever exigir dos Poderes de Estado o foco da finalidade pública e a observância do interesse público na defesa dos direitos básicos e da qualidade da vida da população na construção de uma sociedade livre, justa e democrática. Para tanto, é necessário aprimorar as leis, cumprir os princípios administrativos, republicanos e democráticos, zelar pelas riquezas do país, garantir a ordem pública, fortalecer a justiça e consolidar a Paz Social no Brasil.
VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.
domingo, 15 de julho de 2012
CHEIRO DE BODE
ZERO HORA 15 de julho de 2012 | N° 17131. ARTIGOS
Flávio Tavares, Jornalista e escritor
A pergunta que me fazem todos, e que eu me faço, é simples e longa: afinal, o que muda com a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres? Significará o fim do assalto ao dinheiro público a partir da política? Será sinal de que se extingue a ânsia de enriquecimento ilícito que guia vereadores, prefeitos, secretários de Estado, governadores, deputados, senadores, ministros ou demais, e os faz grotescos protetores de grandes delinquentes ou mafiosos?
Ou mudam as aparências e as formas, pinta-se de branco o que tinha cor, e vice-versa, para que tudo tenha um aspecto tão limpo e novo que, até, poderão roubar em nome do combate ao roubo?
Sem conjeturar, observemos a realidade! Não foi o Senado que cassou o mandato do preposto do mafioso Carlos Cachoeira. A pressão da opinião pública (informada pela imprensa, rádio e TV sobre as profundezas do inquérito da Polícia Federal) é que levou os senadores a mudarem de rota e puni-lo. A exigência de ética o cassou.
Quando surgiram as denúncias iniciais do conluio de Demóstenes com a máfia, 42 senadores saíram a defendê-lo num só dia, sem interessar-se em conhecer detalhes. Todos (entre eles nosso senador Pedro Simon) protestavam pelo atrevimento de duvidar da ilibada conduta do “ilustre colega” de Goiás... Por antecipação, o inocentavam, inocentando-se a si próprios “pelas dúvidas” – por corporativismo.
O discurso de defesa de Demóstenes me impressionou. Juntou articuladamente cinismo e verdades, fantasias e ilações. Não rebateu as acusações, mas, ao se dizer inocente, desenhou o quadro amoral reinante nas cúpulas do Poder. Num país em que o grande crime acaba sempre prescrito e os criminosos não punidos, ele pediu “o direito do tempo”, para igualar-se aos demais. Para igualar-se ao relator do processo que o declarou “culpado” – o senador Humberto Costa, envolvido em fraudes de bilhões quando ministro da Saúde no governo Lula da Silva.
Foi atrevido: “Todos os ministros do Supremo Tribunal, do Superior Tribunal de Justiça e outros me procuraram” – afirmou, em aberta insinuação de cumplicidade com seu passado. “Fui braço político dos pobres”, disse ainda. Invocou o senador e atual ministro Marcelo Crivella (“bispo” da Igreja Universal) e se comparou a Cristo, em mitomania delirante.
Reuniu tudo o que sabia para fingir-se “inocente”, tal qual o Senado fingia sobre ele, antes. “A imprensa do Brasil me deve um pedido de desculpas”, disse, tocando no ponto fundamental: só a divulgação das falcatruas levou o Senado a cassá-lo. Se a investigação ficasse nas gavetas, ele continuaria “herói” perante uma opinião pública amorfa e inerte.
“Sou o bode expiatório”, disse Demóstenes, numa síntese perfeita do que ocorreu. Sim, pois lá estavam a ouvi-lo (e a aplaudi-lo) Jáder Barbalho, do Pará, e Renan Calheiros, de Alagoas, envolvidos em fraudes e escândalos tonitruantes quando presidiam o Senado. Lá o ouvia Romero Jucá, líder dos governos de Fernando Henrique e Lula da Silva no Senado, acusado de desviar milhões da Eletrobrás em Roraima. Nenhum deles foi sequer investigado. Todos são do PMDB, tal qual Joaquim Roriz, envolvido no recebimento de propinas quando senador pelo Distrito Federal.
A lista é maior, mas bastam estes nomes para mostrar que, mais do que o “bode expiatório” bíblico, Demóstenes foi o “boi lançado às piranhas”. Em Goiás, na travessia de rios, atira-se uma rês às piranhas, para que se deleitem tingindo a água de sangue, enquanto mais acima a boiada inteira passa incólume...
Com cheiro de bode ou sangue de boi, vai-se Demóstenes, mas fica o sentido baixo da política que o criou!
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