VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

É DANDO QUE SE RECEBE

FOLHA.COM 19/07/2012 - 03h00

Editorial

Coincidências acontecem e probabilidades remotas se materializam. Não parece, porém, ser essa a explicação para o repentino e acentuado aumento de emendas parlamentares liberadas em benefício do Partido Progressista (PP), do deputado federal paulista Paulo Maluf.

Com efeito, o fenômeno começou a se verificar paralelamente à aproximação entre a agremiação malufista e o PT para apoiar a candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo.

De uma hora para outra, o PP tornou-se a segunda sigla mais contemplada pelo Executivo com verbas vinculadas a projetos inseridos no Orçamento. Com a quinta maior bancada do Legislativo, superou neste mês o PT e só ficou atrás do PMDB --os dois maiores partidos no Congresso.

Sugestivamente, os aumentos acumularam-se a partir de 14 de junho, quando Maluf começou a admitir publicamente a possibilidade de preterir a postulação de José Serra (PSDB) em favor da de Haddad. A aliança foi, afinal, selada em 18 daquele mesmo mês.

Desde janeiro, o PP fora contemplado com a liberação de R$ 7,2 milhões. Nos últimos 30 dias, já obteve concessão para emendas que atingem R$ 36,6 milhões.

Considerada estratégica pelo PT, a disputa na cidade de São Paulo conta com a participação direta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, mesmo enfrentando problemas de saúde, se dispôs a comparecer à residência de seu ex-arquirrival para celebrar o entendimento --que rendeu ao candidato petista mais um minuto e meio de horário eleitoral gratuito.

O governo federal foi lacônico ao comentar as liberações de verbas constatadas por estaFolha. A assessoria da ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, assinalou que o Executivo "atendeu solicitações de todas as bancadas".

Repete-se, no caso, o lastimável "é dando que se recebe", generalizado na política brasileira.

A estrutura pública, que deveria ser mantida à distância do jogo eleitoral, é instrumentalizada para servir a candidaturas e interesses partidários.

O episódio indica que a presidente Dilma Rousseff não deixará de seguir esse padrão, utilizando o peso da máquina federal para apoiar as pretensões de Lula --a quem, aliás, deve sua própria presença no Palácio do Planalto.

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