Interessado em administrar quase R$ 300 milhões em títulos de loteria, PTB pressiona e consegue derrubar o responsável pela liquidação da Interunion Capitalização
Claudio Dantas SequeiraPRESSÃO
Desde 2010, o PTB pressiona para substituir o liquidante da Interunion. Ofensiva teria partido do
deputado Jovair Arantes (abaixo), ligado ao presidente da sigla, Roberto Jefferson (acima).
Na quinta-feira 5, o responsável pela liquidação dos bens da Interunion Capitalização, José Emílio Quintas, foi demitido. Por trás de sua saída está o PTB, que deseja colocar alguém de sua confiança no cargo. O partido quer a todo custo controlar o que considera uma verdadeira “mina de ouro”. No cargo desde 2007, o liquidante descobriu nos livros contábeis da Interunion mais de R$ 260 milhões em títulos do Papa-Tudo, loteria controlada pela corretora Interunion, que nunca foram resgatados por seus compradores. Há também uma disputa judicial com a Vale do Rio Doce, que poderia render mais meio bilhão de reais para o grupo. “Os ex-controladores têm esperança de colocar as mãos nesse dinheiro”, acusa Emílio Quintas.
O agora ex-liquidante da Interunion se refere ao empresário Artur Falk, que responde na Justiça por crime contra o sistema financeiro nacional. Segundo apurou ISTOÉ, Falk firmou um acordo de cavalheiros com a cúpula do PTB. A articulação foi costurada pelo presidente do Sindicato dos Corretores do Rio, Henrique Brandão, que é ligado ao presidente da sigla – Roberto Jefferson. Em troca de benefícios no processo de liquidação, Falk ajudaria financeiramente o partido, por meio de acordos com escritórios de advocacia. As pressões para trocar o liquidante da Interunion se intensificaram a partir de 2010, ano eleitoral. “Nunca sofri isso na minha vida profissional. Fiz a liquidação do Banco Nacional e a do BANERJ. Não havia essa interferência”, alega Quintas.
Em 2010, o então chefe da Superintendência de Seguros Privados (Susep), ao qual a Interunion Capitalização está vinculada, Paulo dos Santos, foi chamado várias vezes no gabinete da liderança do PTB na Câmara para conversar com o deputado Jovair Arantes (GO). Participou de alguns desses encontros o deputado Nelson Marquezelli (SP). Apesar das pressões, Paulo dos Santos negou-se a atender os reiterados pedidos dos petebistas e acabou demitido do cargo. Um dos argumentos para trocar Quintas eram as ações que pesavam contra ele, tanto dentro da Susep como no Ministério Público e na Polícia Federal. Uma delas trata da venda do Hotel Nacional, que teria sido leiloado por preço abaixo do mercado para beneficiar o empresário goiano Marcelo Limirio, sócio do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Desde então, nenhum outro bem da Interunion foi vendido. “É uma grande armação. A suspensão do processo é prova disso”, diz Quintas. Uma vez resolvidos débitos trabalhistas, a liquidação do grupo entrou na fase das pendências tributárias. Só depois será a vez dos credores, o que não inclui integrantes do PTB.
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