VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

CAI, NÃO FICA NADA

ZERO HORA 2 de julho de 2012 | N° 17128

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA



É provável que o Senado não fique melhor com a saída de Demóstenes Torres, mas é certo que ficaria bem pior se ele tivesse sido absolvido. Porque teria ruído o que ainda resta da credibilidade da instituição. Demóstenes tinha perdido a confiança dos colegas e, com ela, as condições para continuar dividindo o espaço nos tapetes azuis do Senado. O placar de 56 votos pela cassação, contra 19 pela absolvição, é revelador do grau de deterioração das relações que mantinha com seus pares. Mesmo com voto secreto, só 19 acreditaram na inocência daquele que se fez conhecido apontando o dedo para os erros dos outros.

Na defesa, Demóstenes foi patético, como fora nas ocasiões anteriores. Disse que não mentiu e não faltou com o decoro parlamentar. Comparou-se a Jesus Cristo, perseguido como “um cão sarnento” , e recitou versos de Ivan Lins: “Hoje cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o rei de paus, não fica nada”. De fato, cai e não fica nada. A lembrança do parlamentar combativo, do senador que incorporava o promotor público, foi encoberta pela imagem do outro Demóstenes, amigo íntimo de Carlinhos Cachoeira, defensor dos interesses do bicheiro no Senado.

Impedido pela Lei da Ficha Limpa de concorrer até 2027, Demóstenes é página virada, descartada do folhetim da política brasileira. Não é nem o primeiro senador cassado na história do Senado. Assim como o segundo homem a pisar na Lua, em alguns anos ninguém lembrará seu nome. Será lembrado, talvez, como o senador que caiu porque usava um telefone por satélite, habilitado em Miami e pago por um bicheiro.

Sai Demóstenes, entra uma incógnita. O ponto mais notável da biografia do suplente, Pedro Wilder de Morais (DEM) é ter sido casado com a atual mulher de Carlinhos Cachoeira. Pouco para se esperar que venha agregar qualidade à Casa, mas não se pode prejulgar. No dia a dia se verá se o herdeiro da cadeira de Demóstenes tem alguma contribuição a dar ao país. O sistema de escolha dos suplentes não os recomenda. Em geral, prevalece o apadrinhamento, o parentesco ou o interesse econômico.

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