VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 10 de julho de 2012

SÍMBOLO DAS DEFORMAÇÕES


ZERO HORA 10 de julho de 2012 | N° 17126

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA


A história da servidora pública que leva o cachorrinho para passear quando deveria estar trabalhando na Assembleia, contada nas páginas 4, 5 e 6 desta edição pela repórter Adriana Irion, não é apenas a história de uma pessoa que enforca parte da jornada de trabalho. É um retrato das distorções que se multiplicam na Assembleia por um sistema que privilegia o apadrinhamento na hora de distribuir as cobiçadas funções gratificadas. A culpa não é só de Lídia Rosa Schons, 54 anos de idade e 33 de casa. Ela dança a música que toca no baile.

Se não há cartão ponto e se o chefe, o deputado Paulo Azeredo (PDT), não cobra sua presença no gabinete, mesmo sendo recepcionista e responsável pela agenda, fica fácil trabalhar só meio turno. Lídia ainda comparece no meio turno. Outros estão dispensados de se apresentar – e se passarem a semana inteira na praia ou na Serra, ninguém vai desconfiar. Os próprios deputados admitem essa liberalidade e alegam que, se os servidores de confiança não trabalharem, os prejudicados são eles, os parlamentares, que terão dificuldade para se reeleger.

O que mais intriga na história de Lídia não é a circunstância de só cumprir meio expediente. É a forma como o salário chegou ao teto. É o fato de, tendo apenas o Ensino Fundamental, ganhar tanto quanto um desembargador, um deputado ou um diretor da Assembleia – e mais do que o governador Tarso Genro e a maioria dos secretários de Estado. Contratada como servente, em regime CLT, Lídia pegou carona em um trenzinho da alegria, virou servidora efetiva, foi conquistando funções gratificadas, que incorporou ao salário. Ao final da carreira, ocupa uma das disputadas FGs de R$ 10.491,12, o que eleva o salário total para além do teto de R$ 24,1 mil. Ela se atrapalha ao falar do salário – diz que “dá 8 e pouco” – e leva uma vida modesta para um contracheque desse porte.

Igualmente curioso é o jogo de empurra – e as contradições – entre o deputado que emprega a recepcionista, o líder da bancada, que atesta a efetividade, e o chefe de gabinete, responsável pelo controle da frequência. Ninguém assume a responsabilidade.

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