ZERO HORA 11 de novembro de 2014 | N° 17980
NAELE OCHOA PIAZZETA*
Nunca antes na história deste país, se viu tanta corrupção, tanto empenho em manter a população menos favorecida presa a falsos benefícios, tanta escamoteação por parte do governo para encobrir os chamados “malfeitos” – expressão tão cara à presidente da República.
O petrolão é a ponta de inúmeros desvios do dinheiro público, significativo a ponto de, antes mesmo de seu deslinde, colocar o mensalão como um episódio de menor importância. Os Josés, os Pedros, o Jeferson e o desconhecido Lamas tornar-se-ão personagens menores em vista do que se afigura por vir.
A pergunta é por que Marcos Valério serviria de intermediá- rio para negócios escusos se não fosse a mando de alguém bem mais importante que José Dirceu? E por que José Dirceu, o qual, aparentemente, não enriqueceu à custa das falcatruas, valer-se-ia de Marcos Valério? A dedicação única a um partido político? O bem da pátria?
A questão que se apresenta agora é a mesma. O que moveu Paulo Sérgio e Alberto Youssef? Apenas a vontade de fazer benevolência com o dinheiro alheio?
Na Terra do Nunca, talvez se possa acreditar nessa fábula. Talvez ela prospere e continuemos a viver num mundo imaginário, onde seus habitantes se recusam a crescer. Porque crescer envolve abrir os olhos, abandonar contos da carochinha e plantar os pés firmemente no real.
E o mundo real brada para que fiquemos alertas, cobrando, tanto da situação quanto da oposição, o cumprimento das promessas de campanha, sem acomodação ou derrotismo.
Num Congresso Nacional em via de sofrer maciça renovação, seus atuais membros empenham-se com especial denodo em deixar de fora das CPIs a inquirição de diretores da Petrobras, do tesoureiro-geral do Partido dos Trabalhadores e de parlamentares citados pelos delatores Paulo Sérgio e Youssef. Dos novos congressistas, espera-se que levem ao fim e ao cabo a apuração dos fatos que envolvem seus membros.
Pela primeira vez em 12 anos, levanta-se uma oposição ao governo federal, respaldada em mais de 50 milhões de votos. Se não vivemos na Terra do Nunca, importa acreditar que é séria, respeitável e movida pela justa busca do bem comum.
*Desembargadora do TJRS
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