VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

HORA DE AGIR PELA REPÚBLICA



ZERO HORA 21 de novembro de 2014 | N° 17990


TELMO LEMOS FILHO*


A sociedade brasileira está assistindo, nos últimos dias, a mais um escândalo envolvendo uma empresa com capital público. Desta vez, "turbinadas" pela utilização do instituto da delação premiada, as manchetes dos jornais apontam para o que parece ser o maior desvio de recursos da história brasileira. Não cabe, nesta quadra histórica, apenas buscar os motivos pelos quais estamos tendo conhecimento dos desvios, se em razão de estarem os indícios de irregularidades sendo investigados ou se está havendo um aumento na prática dos atos ilícitos. Insuficiente, também, identificar responsáveis e puni-los. Estas considerações não mais podem servir para justificar, minimizar ou dar por resolvido o alcance dos malfeitos, como gosta de referir a presidente da República. Ademais, a sociedade brasileira merece mais do que a transformação deste episódio em algo limitado a uma disputa político-partidária. É o momento de repensar como se estabelecem as relações no Estado brasileiro e qual a sua influência neste estado de coisas.

Qualquer desvio, seja para irrigar o caixa 2 das campanhas eleitorais, seja para engordar orçamentos pessoais, tem que ser analisado como algo presente na sociedade e que está a exigir uma atuação efetiva de todos, por meio da sociedade civil e das instituições públicas. As denúncias, que diariamente assustam e revoltam a cidadania, devem ser utilizadas como "combustível" para a grande transformação que estamos todos a exigir. Se nas décadas de 70 e 80 a grande cruzada da sociedade foi pela retomada de democracia, nos dias atuais o grande objetivo a ser perseguido é transformar o nosso país em uma verdadeira República, enfrentando as históricas mazelas brasileiras: patrimonialismo, clientelismo e promiscuidade entre o público e o privado, o que já foi identificado pelos pensadores da formação do Brasil, tais como Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Raymundo Faoro. A sociedade brasileira, por meio da sua organização civil e intermediada pelas instituições consolidadas, está vivendo o grande momento de mudar a nossa história, ou, como canta Ana Carolina: "Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final".


*PROCURADOR DO ESTADO

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