ZERO HORA 25 de novembro de 2014 | N° 17994
POR TARCÍSIO ZIMMERMANN*
O título acima é de autoria do empresário e professor de MBA no MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts Ricardo Semler, sócio da Semco Partners, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo no dia 21 de novembro. Diz o autor: “Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 1970. Era impossível vender diretamente sem propina. (...) Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito”.
Diz mais: “Não sendo petista, e sim tucano, (...) sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país. É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos (...)”.
É claro que o dito, tão diretamente, por alguém de longa experiência em negócios com o Estado e filiado a partido da oposição, não isenta eventuais filiados do PT envolvidos em malfeitos. Mas coloca o problema na perspectiva correta.
É, sim, verdade, que a corrupção é estrutural no Estado brasileiro, que sempre teve a “opção preferencial pelos endinheirados”, através de leis, políticas de juros ou obras superfaturadas. Também é verdade que é funcional ao sistema político-eleitoral vigente. Senão, como explicar o fato de que as empreiteiras envolvidas nestas investigações financiaram mais da metade dos deputados federais eleitos em outubro? Essa realidade, pela sua natureza estrutural, vai “engolindo”, com ou sem resistência, toda ou partes das forças políticas que chegam ao poder de Estado.
O Brasil pode mudar esta realidade. Para isso, é essencial uma profunda reforma política que acabe com o domínio dos financiadores das campanhas sobre os resultados eleitorais. Ao mesmo tempo, é necessário avançar mais ainda em leis e no fortalecimento dos mecanismos de controle e na severa punição aos corruptores e corruptos. Tomara que, mais adiante, alguém possa escrever um artigo com o título “não se rouba mais”.
Ex-prefeito de Novo Hamburgo e deputado estadual eleito
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É um contrassenso aceitar que se roube pouco. Quem aceita, ou é conivente, ou se omite no dever de coibir a corrupção que drena as riquezas do país e os direitos do povo, é também partícipe ou beneficiário do esquema corrupto. Quando entraram no governo, tanto Lula e Dilma prometeram combater a corrupção, mas o que se viu foi o envolvimento na corrupção de militantes de um partido que se dizia ético, suspeitas de desvios da corrupção para a campanha política vencedora, indícios de superfaturamento nas grandiosas obras feitas pelo governo do PT e revelações de lavagem de dinheiro em paraísos fiscais. E a corrupção se banalizou sob os olhos do Governo, da Justiça, do Congresso e dos instrumentos fiscais, todos regiamente pagos para gerir, controlar, fiscalizar, vigiar e defender o erário. E quem foi pego, leniência, penas brandas e pouco dinheiro devolvido.
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