ZH 07 de novembro de 2014 | N° 17976
EDITORIAL
Controlar a inflação e tirar a economia da estagnação são os maiores desafios para um governo que não pode deixar para agir apenas no início do segundo mandato.
A presidente Dilma Rousseff não pode esperar pelo novo mandato para atacar as três prioridades que elegeu e exaltou no seu discurso pós-eleição: o ajuste das contas públicas, o diálogo político e o combate à corrupção. Todos são urgentes, mas a prioridade das prioridades é a situação preocupante da economia, com a inflação em níveis elevados, a produção estagnada e o dólar sobrevalorizado. O reconhecimento de que é preciso reverter expectativas negativas foi expresso pelo Banco Central, logo após o pleito, quando a taxa de juro foi aumentada. O BC emitiu, em sua decisão, sinais de preocupação ampliada com o aumento dos preços, o desarranjo nas contas governamentais e o câmbio. Há, assim, uma concordância com o sentimento generalizado de quem produz de que algo precisa ser feito, e com rapidez.
O compromisso com o diálogo é fator decisivo para que a maioria das decisões de governo seja levada adiante. Com parte da base aliada sob rebelião, o Planalto é desafiado a rearticular forças no Congresso, sob pena de não conseguir viabilizar seus planos. Se as lideranças governistas, no Executivo e no Congresso, forem sensíveis ao apelo da própria presidente da República, chegou a hora de descer do palanque e se dedicar ao que devem fazer. Decisões adiadas pela campanha eleitoral, como a busca de equilíbrio de receitas e despesas, fizeram com que a deterioração das contas levasse ao déficit de R$ 25,5 bilhões em setembro, o maior da história.
São questões agravadas pelo não enfrentamento no momento certo, como a inflação e a estagnação. Aumentos de preços mantidos ao redor de 6,5% ao ano deixaram de ser apenas desconfortáveis, são uma persistente ameaça a ganhos de renda acumulados nos últimos anos. A tarefa mais grandiosa é a de dar coerência a um conjunto de medidas que remobilize o setor produtivo, incutindo confiança nos empresários e assegurando- lhes que a economia brasileira voltará a recompensar quem investe. A equação a ser resolvida põe em confronto a necessidade de reduzir o ritmo dos preços com a imposição do apelo pela retomada do crescimento, e isso exige a definição imediata do sucessor do ministro Guido Mantega.
Por fim, não haverá nenhum avanço na qualidade da gestão sem a criação ou aperfeiçoamento de mecanismos que pelo menos reduzam os altos níveis de corrupção. É preciso interromper a sucessão de escândalos em empresas estatais, ou a imoralidade se consolidará como uma das marcas dos 16 anos de governo petista.
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