VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

KUNLANGETA



ZERO HORA 12 de novembro de 2014 | N° 17981

GILBERTO SCHWARTSMANN


Nos anos 70, a doutora Jane M. Murphy, antropóloga de Harvard, estudando esquimós inuítes de idioma iúpique, deparou com o termo “kunlangeta”.

Seria o que psiquiatra classifica como “psicopata”. O esquimó mentiroso, enganador e desonesto. E que não revela culpa pelo sofrimento causado aos outros.

À primeira vista, o “kunlangeta” é simpático, envolvente e parece normal. Com o tempo, revela-se egocêntrico, manipulador e irresponsável. Quando flagrado em mau comportamento, dá sempre um jeito de culpar os outros.

E não aprende com castigo. É um delinquente que reincide nos ilícitos. Não controla seus impulsos.

Robert D. Hare, psicólogo da Universidade da British Columbia, no Canadá, desenvolveu um método para reconhecer “kunlangeta”. Ele é dissimulado, arrogante, frio, promíscuo e vive metido em falcatrua.

Muitos passam pela vida sem diagnóstico. Às vezes, uma vida inteira enganando os outros. Mentindo e roubando, com jeito bondoso. Sem o menor constrangimento.

A maioria transita livre pelas ruas. Tem cons- ciência de seus delitos, mas não muda. Como se a lei e os limites sociais não fizessem a menor diferença.

Pode ser um indivíduo de sucesso. E tornar-se até um líder carismático, com ares de estadista e idolatrado pelo povo.

Ao perguntar aos inuítes o que fazer com um “kunlangeta”, diz a doutora Murphy que a resposta dos esquimós é simples: “A vontade é jogá-los no gelo mole, quando não tiver ninguém por perto”.

Na adolescência, frequentei o Clube de Cinema de Porto Alegre. Numa manhã de domingo, no antigo cinema Vogue da Avenida Independência, assisti a Nanook, o Esquimó, documentário de Robert Flatherty rodado em 1922.

Descrevia a saga de um caçador, na luta pelo sustento da família, em meio à natureza hostil. No mundo de Nanook, não havia lugar para “kunlangeta”. Seria uma ameaça à sobrevivência. Ali, as relações eram baseadas em amor e lealdade.

Se vivessem entre esquimós inuítes, psicopatas que dominam nossa política seriam mergulhados nas águas frias do Polo Norte. E bateriam queixo em iúpique.

Médico e professor

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