ZERO HORA 02 de novembro de 2014 | N° 17971
GUILHERME MAZUI RBS BRASÍLIA
DUELO DE PODERES A REAÇÃO DE DILMA
PRESSIONADA PELA INSATISFAÇÃO do Legislativo, que lhe impôs derrota em plenário logo após a reeleição, a presidente Dilma Rousseff pretende combater a resistência de deputados e senadores e garantir a governabilidade. Dentre as medidas, estão nomes de peso na articulação, agrado a partidos da base e escolha de ministros avalizados por entidades de classe
A maioria persiste, mas a base encolheu e a oposição cresceu. Maior bancada da Câmara, o PT perdeu 18 cadeiras. O apetite de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder do blocão, aumentou. No Senado, o tucanato ganhou força, e o PMDB de Renan Calheiros (AL) segue ditando o ritmo. Um cenário que desafia Dilma Rousseff para o segundo mandato.
Às turras com o Congresso, a presidente acena com mais diálogo, promessa que ainda não convenceu. Alerta feito por Renan, presidente do Senado e governista. Na quinta-feira, ele destacou que a convergência “não vai cair do céu”.
– Conversar, como todos sabem, não arranca pedaço – disse.
A primeira semana pós-eleição reforçou o impasse após a Câmara derrubar o decreto que criaria conselhos populares. O Senado avisou que fará o mesmo. Preocupado, um grupo de 10 petistas, entre deputados, senadores e ministros, vai se reunir terça e quarta-feira para definir formas de enquadrar um Congresso que salta de 22 para 28 partidos e que terá 198 novos deputados a partir de 2015.
Pelas projeções do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a base inicial de Dilma na Câmara caiu de 340 para 304 deputados. Número apertados para um governo disposto a fazer a reforma política e que terá desgaste com os desdobramentos do escândalo da Petrobras.
– Será preciso atrair mais gente para a base e compensar dissidências – adverte Antônio Augusto Queiroz, analista político do Diap.
Sem a barganha da liberação das emendas, que se tornaram impositivas, as dificuldades aumentam. Por isso, Dilma escalará ministros de maior envergadura nas articulações. Para garantir a fidelidade de parceiros divididos após a campanha, como PMDB e PP, o caminho é distribuir mais cargos na Esplanada. Aliados na eleição de Aécio Neves (PSDB), PTB e PSC sofrem carga para entrar na base. Outra meta é cooptar parte do PSB.
– O caminho natural é ir para oposição – prevê o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
INDEPENDENTES SÃO COBIÇADOS PELO PT
O Planalto ainda analisa formas de atrair ou neutralizar os independentes. Para inviabilizar a candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara, pode indicar um líder de governo do PMDB ou nomear um ministro peemedebista influente entre os parlamentares. No PT, há quem indique o gaúcho Eliseu Padilha como possível articulador.
A maior dependência do PMDB advém do enfraquecimento da bancada petista, que caiu de 88 para 70 deputados. Logo, cresce na sigla o espaço de gaúchos, mineiros e baianos. Pepe Vargas (RS) e Henrique Fontana (RS) são elogiados por conselheiros próximos de Dilma.
Já no Senado, o cuidado é com o tucanato, liderado por Aécio Neves e com reforços como José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE). E a saída é confiar na aliança com Renan, no empenho dos 13 petistas e até pedir bom senso aos rivais.
– Será difícil, mas não acredito que haverá oposição pela oposição – prevê Paulo Paim (PT-RS).
guilherme.mazui@gruporbs.com.br
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