ZERO HORA 24 de novembro de 2014 | N° 17993
POLÍTICA + | Rosane de Oliveira
A operação Lava-Jato ainda está longe de ser concluída, mas já abriu uma larga janela para, no mínimo, inibir a ação de corruptos e corruptores no futuro. Depois de passar alguns dias na prisão e correndo o risco de sofrer prejuízos bilionários, os dirigentes das empreiteiras investigadas pensarão duas vezes antes de se meter em negociatas com bandidos instalados em diretorias de órgãos públicos. O clube das empreiteiras, que até aqui se reuniu para combinar quem ganharia uma licitação a preços superfaturados, pode inverter o processo e dizer que não será mais conivente com a delinquência.
Que não venham as empreiteiras se fazer de vítimas dos corruptos da Petrobras, a maioria servidores de carreira que ascenderam a postos de comando da estatal. A corrupção tem duas pontas e, pela primeira vez, os corruptores estão sendo identificadas em lotes. Todos os outros casos em que o pagador de propina caiu foram pontuais. Na maioria, saíram ilesos.
A outra boa notícia em meio à crise que transformou a Petrobras em caso de polícia é a perspectiva de recuperar parte do dinheiro roubado, seja por bloqueio judicial, seja pela devolução via delação premiada. De que outro escândalo dos últimos 30 anos voltou dinheiro para os cofres públicos?
Para golpear a corrupção, a medida mais lembrada é o fim do financiamento privado de campanha. Santa ingenuidade. O fim das doações pode reduzir o custo das obras no percentual das contribuições legais, que são feitas em valores generosos a todos os que têm perspectiva de poder. Mas o grosso do dinheiro corre abaixo da superfície e não tem recibo para apresentar à Justiça. E só uma parte do que se rouba vai para as campanhas.
O grosso é enriquecimento ilícito, como se constata ao comparar os salários com o patrimônio e o padrão de vida dos operadores de esquemas de corrupção. Que o diga o ex-gerente Pedro Barusco, que se aposentou em 2010 e, quatro anos depois, aceitou devolver US$ 100 milhões para não ser preso. Ele admitiu que recebeu dinheiro para intermediar negócios na estatal durante 18 anos, o que inclui os governos de Lula, Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco.
ALIÁS
Depois de a presidente Dilma Rousseff abortar o anúncio dos ministros da área econômica, a semana começa com risco de solavancos no mercado financeiro por conta dos sinais de indecisão emitidos pelo Planalto.
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