ZERO HORA 10 de novembro de 2014 | N° 17979
CLEIDI PEREIRA
ELEIÇÕES 2014. O PREÇO DAS CAMPANHAS
INVESTIMENTO DOS ELEITOS para ocupar 31 vagas na Câmara e 55 cadeiras na Assembleia, somado, foi 6% maior nestas eleições do que na disputa de 2010 no Estado
Para conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, os parlamentares gaúchos eleitos desembolsaram, em média, 6% a mais neste ano do que em 2010. O custo total da campanha dos 55 novos deputados estaduais e dos 31 federais alcançou R$ 60,96 milhões em 2014, ante R$ 57,68 milhões no último pleito, em valores corrigidos pelo IPCA.
Os dados da prestação de contas final dos candidatos, liberados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na semana passada, também apontam que a campanha mais cara é para a Câmara. Em média, os deputados federais eleitos gastaram R$ 1,23 milhão cada – valor 66,5% superior ao montante investido pelos estaduais (R$ 412,7 mil).
Com R$ 2,9 milhões, o deputado federal José Otávio Germano (PP) – que só teve a reeleição confirmada pelo TSE na semana passada – é o campeão em despesas. Já o estreante Miguel Bianchini (PPL) – ex-bombeiro que se elegeu na esteira da campeã de votos Manuela D’Ávila (PC do B) – é o último colocado no ranking dos gastos, com total de R$ 30,1 mil.
MAIORIA DOS REELEITOS TEVE MAIS DESPESAS DO QUE EM 2010
Os parlamentares que se reelegeram são os que concentram a maior fatia das despesas, e a maioria aumentou os gastos de 2010 para 2014. Entre os 22 deputados federais que renovaram o mandato, o crescimento mais expressivo foi de Jerônimo Goergen (PP): nestas eleições, desembolsou R$ 2,75 milhões, 174% a mais do que na anterior (R$ 1 milhão, em valores corrigidos). Já entre os 30 deputados estaduais reeleitos, 20 gastaram mais do que em 2010. O maior salto, de 169,6%, foi de Silvana Covatti (PP), que declarou despesas que somam R$ 1,21 milhão, contra R$ 450 mil na última eleição.
Para a cientista política e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Céli Pinto, o sistema de financiamento das campanhas eleitorais prejudica a democracia. Ela classifica como “imoral” o nível dos gastos e explica que o volume de recursos funciona como barreira, prejudicando a representatividade no Legislativo:
– As campanhas no Brasil são, no mínimo, escandalosas, pois os custos aumentam a cada eleição. Precisamos urgentemente de uma reforma que acabe com o financiamento privado, de empresas, porque isso é a base de toda a corrupção no país.
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