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Normalmente criticados em tese, os malefícios da burocracia podem ser vistos da forma mais realista possível num mau exemplo típico de descaso com o dinheiro público. Dezenas de ônibus escolares aguardados por alunos de municípios gaúchos que não têm como se deslocar para o local onde estudam se encontram estacionados ao relento, desde abril, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio. A justificativa oficial é de que o poder público prefere aguardar o fechamento de um lote do total de 200 unidades para o processo de emplacamento, registro e distribuição. Obviamente, a explicação não convence.
Levantamento divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) no mês passado, portanto já depois da cerimônia de entrega oficial com a presença da presidente Dilma Rousseff, indicava que 55% da frota gaúcha tem mais de uma década de fabricação. É tempo de uso suficiente para colocar em risco a segurança de parte dos 396 mil estudantes transportados durante o período escolar. Mesmo assim, quando o Estado consegue se beneficiar do programa federal Caminho da Escola, os responsáveis pela operação não parecem se incomodar com um período de até três meses para fazer o que poderia ser concluído em alguns dias.
A falta de agilidade na liberação dos veículos só é mais visível pelo fato de estarem expostos num local de grande trânsito de pessoas. Infelizmente, porém, esse é o tipo de situação que costuma ocorrer em diferentes áreas, muitas vezes com prejuízos irreversíveis. É o que ocorre, por exemplo, quando merenda escolar, medicamentos e outros materiais para postos de saúde não são distribuídos a tempo e acabam perdendo o prazo de validade. É o que vai continuar ocorrendo se a população não denunciar casos mais evidentes e não pressionar por maior agilidade e eficiência do poder público.
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