VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O OUTRO E A SOCIEDADE FRUSTRADA

ZERO HORA 10 de julho de 2013 | N° 17487

MIGUEL TEDESCO WEDY*

As últimas manifestações em todo o país impõem reflexões e preocupações, em que pese os atos de violência praticados por minorias (entre autoridades e manifestantes). Na verdade, desvelam a explosão de insatisfação contra uma ordem incapaz de atender às demandas sociais. Uma ordem que é incapaz de prestar serviços públicos com qualidade. Vejamos a realidade como ela é. Quem possui condições paga uma escola para o seu filho e um plano de saúde para sua família. Recebe uma contraprestação estatal pelos tributos que paga? Quando muito, uma segurança pública deficiente, um Poder Judiciário assoberbado de demandas, em decorrência da ineficiência estatal, bem como estradas e ruas em má situação de conservação e inseguras. E os cidadãos que não podem pagar por uma escola ou um plano de saúde? E o outro, que passa pelo nosso lado e anda de ônibus de péssima qualidade, que não possui creche para colocar o filho, que estuda em escola pública decadente, em que o professor sequer recebe o piso salarial do magistério, que espera na fila do SUS e vê o pai, o filho ou a mulher morrerem sem atendimento, em decorrência do Estado não possuir sequer uma carreira para os médicos?

Esse outro, e não só ele, olha para a política e vê políticos sustentados pelo dinheiro de empresas que depois da eleição vão cobrar a fatura. Esse outro, e não só ele, vê o saque do Estado por determinados grupos e pessoas, que se locupletam pelo tráfico de influência, vê o enriquecimento meteórico e ilícito de determinadas figuras públicas, vê a inércia dos gestores, reféns desses interesses, coalizões e acordos, vê privilégios inadmissíveis no século 21, como se houvesse cidadãos de categorias diferentes. Porém, esse outro, e não só ele, vê a força da democracia que permite tais manifestações. Que os detentores do poder tenham a sensibilidade para encontrar dentro da democracia novos espaços de diálogo e de verdade. E que coloquem a preocupação com o outro no centro dos seus problemas. No fundo, bem lá no fundo, o que nos falta é isso, para todos nós, a valentia de nos sacrificarmos mais pelo outro.


*ADVOGADO CRIMINALISTA

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