ZERO HORA 2 de julho de 2013 | N° 17499
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
O debate sobre a reforma política abriu a temporada de apresentação de sugestões mágicas para os problemas do Brasil. Uma das mais discutidas é o fim da reeleição, como se a proibição de um presidente, governador ou prefeito de disputar novo mandato fosse vacina contra a corrupção, os desvios de dinheiro público, o apadrinhamento e a lentidão da máquina pública.
É verdade que, com a reeleição, o sujeito assume o cargo já pensando em como conquistar o segundo mandato, mas nada impede um governante obcecado pelo poder de dedicar toda a energia para fazer o sucessor e garantir a permanência de seu grupo. A reeleição permite que um presidente, governador ou prefeito continue por mais quatro anos, se estiver fazendo uma gestão que, aos olhos do eleitor, mereça sequência. Quando Fernando Henrique Cardoso mudou as regras do jogo para poder disputar a reeleição, não teve maiores resistências porque o país estava deslumbrado com o sucesso do Plano Real. Sem reeleição, seu sucessor poderia ter afundado o Real em 1999. Da mesma forma, os eleitores reelegeram Lula por estarem aprovando as suas políticas sociais.
A campanha contra a reeleição cheira a preconceito contra os políticos, reforçado pelos maus exemplos que maculam a imagem dos bons gestores. Nivela por baixo, como se todos usassem métodos escusos para garantir os mandatos, ignorando que a boa gestão é a melhor propaganda. A reeleição permite ao eleitor manter quem está fazendo um bom governo e mandar para casa incompetentes, aproveitadores, omissos, corruptos e quem faz mau uso do dinheiro público.
Outra ideia contestável é a da coincidência das eleições. Em defesa dessa tese, argumenta-se que o país para a cada dois anos por conta da eleição e que, para economizar, o melhor é escolher no mesmo ano prefeitos, vereadores, governadores, deputados, senadores e presidente. É indiscutível que existem vantagens, mas pouco se discute as desvantagens, a começar pelo fato de que o debate sobre as questões municipais será reduzido a pó. Em vez de amontoar as eleições no mesmo ano, seria melhor reduzir o custo das campanhas e repensar o modelo de financiamento que torna os eleitos reféns de seus doadores.
ALIÁS
Em vez de acabar com a reeleição, seria mais produtivo criar mecanismos para impedir o uso da máquina pública e fiscalizar o cumprimento dos planos de governo.
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
O debate sobre a reforma política abriu a temporada de apresentação de sugestões mágicas para os problemas do Brasil. Uma das mais discutidas é o fim da reeleição, como se a proibição de um presidente, governador ou prefeito de disputar novo mandato fosse vacina contra a corrupção, os desvios de dinheiro público, o apadrinhamento e a lentidão da máquina pública.
É verdade que, com a reeleição, o sujeito assume o cargo já pensando em como conquistar o segundo mandato, mas nada impede um governante obcecado pelo poder de dedicar toda a energia para fazer o sucessor e garantir a permanência de seu grupo. A reeleição permite que um presidente, governador ou prefeito continue por mais quatro anos, se estiver fazendo uma gestão que, aos olhos do eleitor, mereça sequência. Quando Fernando Henrique Cardoso mudou as regras do jogo para poder disputar a reeleição, não teve maiores resistências porque o país estava deslumbrado com o sucesso do Plano Real. Sem reeleição, seu sucessor poderia ter afundado o Real em 1999. Da mesma forma, os eleitores reelegeram Lula por estarem aprovando as suas políticas sociais.
A campanha contra a reeleição cheira a preconceito contra os políticos, reforçado pelos maus exemplos que maculam a imagem dos bons gestores. Nivela por baixo, como se todos usassem métodos escusos para garantir os mandatos, ignorando que a boa gestão é a melhor propaganda. A reeleição permite ao eleitor manter quem está fazendo um bom governo e mandar para casa incompetentes, aproveitadores, omissos, corruptos e quem faz mau uso do dinheiro público.
Outra ideia contestável é a da coincidência das eleições. Em defesa dessa tese, argumenta-se que o país para a cada dois anos por conta da eleição e que, para economizar, o melhor é escolher no mesmo ano prefeitos, vereadores, governadores, deputados, senadores e presidente. É indiscutível que existem vantagens, mas pouco se discute as desvantagens, a começar pelo fato de que o debate sobre as questões municipais será reduzido a pó. Em vez de amontoar as eleições no mesmo ano, seria melhor reduzir o custo das campanhas e repensar o modelo de financiamento que torna os eleitos reféns de seus doadores.
ALIÁS
Em vez de acabar com a reeleição, seria mais produtivo criar mecanismos para impedir o uso da máquina pública e fiscalizar o cumprimento dos planos de governo.
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