EDITORIAL
Líderes políticos do país têm um grande desafio pela frente: encontrar uma fórmula capaz de reduzir o espectro partidário de forma racional.
O quadro das coligações partidárias para as eleições de outubro confunde o eleitorado por reunir uma quantidade enorme de siglas em alianças incoerentes, considerando-se a história e o perfil ideológico das agremiações políticas. Adversários inconciliáveis em âmbito nacional estão juntos nos Estados e vice-versa. O excesso de partidos e a disputa por tempo de televisão estão entre as principais causas desta mixórdia eleitoral, que em nada contribui para a credibilidade da política e dos políticos no país. E a sonhada reforma política continua distante da realidade, pois a decisão de mudar o atual quadro está nas mãos dos beneficiários da confusão. Ainda assim, é preciso encontrar uma alternativa que facilite a escolha dos eleitores e, ao mesmo tempo, contribua para fortalecer a boa política, que é a voltada para os interesses do bem comum.
Mesmo nas democracias consolidadas e mais avançadas que a brasileira, coligações são muito utilizadas, particularmente com o objetivo de assegurar maioria parlamentar. O problema, no Brasil, é que há nada menos de 32 siglas legalmente habilitadas a disputar votos nas eleições de outubro. Com tantos partidos e tão poucos candidatos com chances reais de se eleger, a maioria sai em busca de acordos de ocasião, sem se preocupar em manter qualquer coerência em âmbito estadual e federal. Essa complacência acaba dando margem a uma mistura difícil de ser compreendida pelos eleitores. A moeda de troca, na maioria das vezes, é o tempo assegurado em programas eleitorais obrigatórios. O resultado é que muitas alianças partidárias acabam surgindo a partir de um verdadeiro balcão de negociações, o que contribui para desgastar ainda mais a política, além de reforçar a descrença entre os eleitores.
Como os candidatos a cargos eletivos são os principais beneficiários dessa verdadeira geleia partidária, é difícil imaginar que possa partir deles a decisão de promover uma sempre adiada reforma partidária. Ainda assim, líderes políticos do país têm um grande desafio pela frente: encontrar uma fórmula capaz de reduzir o espectro partidário de forma racional. É importante que tudo isso seja feito sem ferir as liberdades democráticas, com o objetivo de contribuir para os eleitores entenderem e se identificarem com as ideias políticas e sociais de cada sigla.
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