ARTIGOS
Miguel Tedesco Wedy*
Robert E. Lee era o maior general confederado. Era amado pelo velho Sul e por seus comandados. Depois de sucessivas batalhas na guerra civil americana, invicto, avançou com suas tropas contra o exército da União. Na pequena Gettysburg, na Pensilvânia, naquele mês de julho de 1863, ele rejeitou a sugestão de seu braço direito, o general Longstreet, que defendia um ataque de flanco e uma posição defensiva contra o exército mais poderoso da União. Confiando em sua intuição e na capacidade de envolver os seus soldados, ele decidiu por um ataque frontal para romper o centro das posições inimigas. Quinze mil homens marcharam em campo aberto e, em duas horas, foram dizimados pela artilharia yankee. A guerra civil estava perdida.
Scolari também era amado e respeitado por seus comandados e pelo povo. Tinha o pleno domínio dos seus comandados e confiava na sua intuição. E assim, invicto, atacou e atacou as posições alemãs, sem cuidados, sem resguardo, sem catimba, sem faltas, sem truncar o jogo contra um time melhor, mais entrosado e mais forte. E veio o desastre.
Lee e Scolari foram líderes que confiaram nos seus instintos e desprezaram o inimigo. Perderam o medo de ter medo dos adversários. Lee e Scolari, corajosamente, assumiram a culpa pela derrota. Lee continuou a ser amado pelo velho Sul e é até hoje um dos generais mais respeitados dos EUA. Scolari sempre será amado pelo seu título mundial.
Ambos, porém, ficarão com a mácula da derrota em um momento crucial das suas vidas. São dois exemplos de como as lideranças não podem só confiar em seus instintos para combater. Para nós, ficará a lembrança daquele dia em que Scolari deveria ter sido um Carlos Froner, mas perdeu faceiro como um Telê Santana.
*ADVOGADO E PROFESSOR DA UNISINOS
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