JULIANA BUBLITZ
ELEIÇÕES 2014. PROPAGANDA NA TELINHA
Nas mais recentes eleições para presidente da República e governador do Rio Grande do Sul, os candidatos com maior tempo na propaganda de rádio e TV potencializaram as chances de vitória. Em seis disputas, quatro foram vencidas pelos donos dos maiores latifúndios no horário eleitoral, que neste ano começa em 19 de agosto.
De acordo com levantamento feito por Zero Hora, o fator visibilidade só não foi decisivo em duas ocasiões, ambas na corrida presidencial. Ao competir pelo Palácio do Planalto em 2002 e em 2006, Lula perdeu no cronômetro para seus principais adversários, os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, mas saiu vencedor nas urnas. O petista contou com seu carisma nas duas oportunidades.
– Tempo de TV é importante, mas não é tudo. Na eleição de 2006, Geraldo Alckmin conseguiu a proeza de perder votos no segundo turno. Quanto mais aparecia, mais o eleitor o rejeitava – afirma o cientista político Carlos Melo, professor do Insper.
BRIGA POR SEGUNDOS
Na maioria das vezes, aparecer mais que os adversários se mostrou um grande trunfo. Tanto que as legendas dispostas a dar apoio (e tempo de TV) a candidatos de outros partidos são alvo de intensa disputa e longas negociações.
Candidata à reeleição pelo PT, a presidente Dilma Rousseff terá, este ano, o maior espaço na telinha – praticamente o triplo de Aécio Neves (PSDB) e 6,5 vezes mais do que Eduardo Campos (PSB). Serão quase 12 minutos, o equivalente a 47,2% de cada bloco reservado aos presidenciáveis.
Em 2010, quando disputou pela primeira vez a vaga, Dilma também detinha o maior tempo e conseguiu se eleger. O apoio decisivo de Lula e a conjuntura favorável contribuíram para o desfecho.
– Desta vez, o cenário econômico está se tornando desfavorável para Dilma, que terá mais trabalho – diz o cientista político Paulo Moura, da Ulbra.
No RS, Rigotto, Yeda e Tarso tiveram exposição superior
No Estado, desde 2002 as três votações ao Palácio Piratini terminaram com vitória dos postulantes mais assíduos diante de câmeras e microfones – inclusive Tarso Genro em 2010.
Neste ano, o petista, que concorre à reeleição, sairá novamente na frente em termos de visibilidade, mas terá de quebrar um tabu: desde a redemocratização, nenhum governador conseguiu se reeleger ao cargo. Nesse caso, segundos a mais na propaganda podem ser um trunfo.
Por enquanto, a Justiça Eleitoral não definiu a divisão dos 20 minutos disponíveis, mas estimativas indicam que Tarso terá mais de cinco minutos, seguido por José Ivo Sartori (PMDB) e Ana Amélia Lemos (PP). A diferença entre eles não deverá ser tão grande quanto a de Dilma em relação aos adversários. Esse fator pode equilibrar a peleja.
Para o cientista político Paulo Moura, o principal desafio de Tarso será convencer o eleitor de que seu governo tem uma marca. Na avaliação do cientista político Benedito Tadeu César, o governador utilizará o tempo de rádio e TV para expor suas realizações, associando o crescimento do PIB do Estado à sua gestão:
– Ele vai mostrar que o alinhamento das estrelas precisa continuar. Se isso vai funcionar, não sei. Ainda está tudo em aberto.
ENTREVISTA
Diretor regional da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Paulo Di Vicenzi considera a TV um veículo fundamental nas campanhas, mas faz uma ressalva: para ter resultado, a estratégia tem de ser “percebida como verdadeira”.
A TV ganha eleição?
A TV exerce um grande peso na eleição, principalmente nas campanhas majoritárias (governos e Senado). Como meio de comunicação, é a melhor ferramenta à disposição. Associa imagem, som e movimento e não se compara a nenhuma outra, porque o eleitor brasileiro está habituado a se informar e a se entreter pela TV. Mas tudo depende da forma como o tempo é utilizado. Ter mais tempo não é garantia de vitória.
O que um programa precisa ter para conquistar o eleitor?
De nada adianta ser criativo, cheio de pirotecnia, se essa criatividade não estiver a serviço de uma boa estratégia. Além disso, não acredito na eficiência da espetacularização. A comunicação tem de ser clara e sincera. Tem de ser percebida como verdadeira. O candidato precisa falar com o lado direito do cérebro do eleitor, o lado das emoções.
É por isso que se vê tanta superficialidade?
Os candidatos têm pouco tempo para se comunicar. Eles precisam ser sintéticos e, ao mesmo tempo, mexer com o eleitor. A verdade é que não se consegue empatia com argumentos racionalizados, citando apenas dados, números e planos de governo.
O que veremos na TV a partir de 19 de agosto?
Os candidatos tendem a se apresentar da maneira mais natural e casual possível.
ELEIÇÕES 2014. PROPAGANDA NA TELINHA
Nas mais recentes eleições para presidente da República e governador do Rio Grande do Sul, os candidatos com maior tempo na propaganda de rádio e TV potencializaram as chances de vitória. Em seis disputas, quatro foram vencidas pelos donos dos maiores latifúndios no horário eleitoral, que neste ano começa em 19 de agosto.
De acordo com levantamento feito por Zero Hora, o fator visibilidade só não foi decisivo em duas ocasiões, ambas na corrida presidencial. Ao competir pelo Palácio do Planalto em 2002 e em 2006, Lula perdeu no cronômetro para seus principais adversários, os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, mas saiu vencedor nas urnas. O petista contou com seu carisma nas duas oportunidades.
– Tempo de TV é importante, mas não é tudo. Na eleição de 2006, Geraldo Alckmin conseguiu a proeza de perder votos no segundo turno. Quanto mais aparecia, mais o eleitor o rejeitava – afirma o cientista político Carlos Melo, professor do Insper.
BRIGA POR SEGUNDOS
Na maioria das vezes, aparecer mais que os adversários se mostrou um grande trunfo. Tanto que as legendas dispostas a dar apoio (e tempo de TV) a candidatos de outros partidos são alvo de intensa disputa e longas negociações.
Candidata à reeleição pelo PT, a presidente Dilma Rousseff terá, este ano, o maior espaço na telinha – praticamente o triplo de Aécio Neves (PSDB) e 6,5 vezes mais do que Eduardo Campos (PSB). Serão quase 12 minutos, o equivalente a 47,2% de cada bloco reservado aos presidenciáveis.
Em 2010, quando disputou pela primeira vez a vaga, Dilma também detinha o maior tempo e conseguiu se eleger. O apoio decisivo de Lula e a conjuntura favorável contribuíram para o desfecho.
– Desta vez, o cenário econômico está se tornando desfavorável para Dilma, que terá mais trabalho – diz o cientista político Paulo Moura, da Ulbra.
No RS, Rigotto, Yeda e Tarso tiveram exposição superior
No Estado, desde 2002 as três votações ao Palácio Piratini terminaram com vitória dos postulantes mais assíduos diante de câmeras e microfones – inclusive Tarso Genro em 2010.
Neste ano, o petista, que concorre à reeleição, sairá novamente na frente em termos de visibilidade, mas terá de quebrar um tabu: desde a redemocratização, nenhum governador conseguiu se reeleger ao cargo. Nesse caso, segundos a mais na propaganda podem ser um trunfo.
Por enquanto, a Justiça Eleitoral não definiu a divisão dos 20 minutos disponíveis, mas estimativas indicam que Tarso terá mais de cinco minutos, seguido por José Ivo Sartori (PMDB) e Ana Amélia Lemos (PP). A diferença entre eles não deverá ser tão grande quanto a de Dilma em relação aos adversários. Esse fator pode equilibrar a peleja.
Para o cientista político Paulo Moura, o principal desafio de Tarso será convencer o eleitor de que seu governo tem uma marca. Na avaliação do cientista político Benedito Tadeu César, o governador utilizará o tempo de rádio e TV para expor suas realizações, associando o crescimento do PIB do Estado à sua gestão:
– Ele vai mostrar que o alinhamento das estrelas precisa continuar. Se isso vai funcionar, não sei. Ainda está tudo em aberto.
ENTREVISTA
PAULO DI VICENZI. Estrategista político
“É preciso mexer com o eleitor”
Diretor regional da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Paulo Di Vicenzi considera a TV um veículo fundamental nas campanhas, mas faz uma ressalva: para ter resultado, a estratégia tem de ser “percebida como verdadeira”.
A TV ganha eleição?
A TV exerce um grande peso na eleição, principalmente nas campanhas majoritárias (governos e Senado). Como meio de comunicação, é a melhor ferramenta à disposição. Associa imagem, som e movimento e não se compara a nenhuma outra, porque o eleitor brasileiro está habituado a se informar e a se entreter pela TV. Mas tudo depende da forma como o tempo é utilizado. Ter mais tempo não é garantia de vitória.
O que um programa precisa ter para conquistar o eleitor?
De nada adianta ser criativo, cheio de pirotecnia, se essa criatividade não estiver a serviço de uma boa estratégia. Além disso, não acredito na eficiência da espetacularização. A comunicação tem de ser clara e sincera. Tem de ser percebida como verdadeira. O candidato precisa falar com o lado direito do cérebro do eleitor, o lado das emoções.
É por isso que se vê tanta superficialidade?
Os candidatos têm pouco tempo para se comunicar. Eles precisam ser sintéticos e, ao mesmo tempo, mexer com o eleitor. A verdade é que não se consegue empatia com argumentos racionalizados, citando apenas dados, números e planos de governo.
O que veremos na TV a partir de 19 de agosto?
Os candidatos tendem a se apresentar da maneira mais natural e casual possível.
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