EDITORIAL
Os candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais estão participando de uma verdadeira maratona de entrevistas, debates e sabatinas nestes últimos dias que precedem o início da propaganda eleitoral gratuita em rádio e televisão. Questionados por jornalistas e representantes de entidades classistas, eles vêm recebendo sucessivas oportunidades de expor ao eleitorado seus programas de governo e suas ideias de administração pública, invariavelmente sob o olhar e a crítica dos demais candidatos. Apesar da rigidez das regras estabelecidas e do tempo restrito em programas com muitos participantes, trata-se de uma forma transparente e democrática de avaliação de visões políticas.
Ainda assim, fica uma dúvida: será que o eleitor está aproveitando esses momentos de transparência e democracia para colher informações que lhe permitam fazer uma boa escolha na hora de eleger seus governantes e representantes legislativos? As pesquisas eleitorais têm demonstrado que uma parcela expressiva do eleitorado simplesmente desconhece os pretendentes a cargos públicos nas suas regiões. Esse é um comportamento social que precisa ser modificado. Na sociedade do conhecimento e da comunicação instantânea, já não se justificam mais a alienação e a rejeição à política. Só teremos governantes e representantes dignos quando os cidadãos se interessarem pelo processo eleitoral e fiscalizarem com rigor tanto os candidatos que se oferecem ao pleito quanto os eleitos.
A atual legislação, infelizmente, não favorece o interesse dos eleitores pela campanha. Ao permitir coligações partidárias destituídas de identidade programática e voltadas apenas para o aproveitamento do tempo de tevê, acaba impondo aos eleitores uma programação comprometida apenas com a propaganda, cara e desvinculada da realidade. Ao mesmo tempo, restringe o trabalho jornalístico da mídia eletrônica.
Por isso, o eleitor brasileiro precisa fazer uso dos recursos que a tecnologia oferece para buscar informações independentes e para questionar seus representantes políticos pelos meios que estiverem ao seu alcance. Mesmo com propaganda suspeita e espaços jornalísticos cerceados, a democracia proporciona outras formas de acesso à informação e outros instrumentos para que o cidadão se transforme em protagonista efetivo do processo eleitoral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário