REVISTA ISTO É N° Edição: 2330 | 18.Jul.14
Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra que a Copa e o vexame da Seleção Brasileira não tiveram influência na sucessão presidencial e revela empate entre Dilma e Aécio em provável segundo turno
A realização da Copa no Brasil e a vergonhosa eliminação de nossa Seleção no Mundial de futebol não tiveram, até aqui, nenhuma influência sobre a corrida presidencial. É isso o que indica a pesquisa ISTOÉ/Sensus realizada entre sábado 12 e terça-feira 15. O levantamento efetuado em 136 cidades de 14 Estados mostra que no último mês os principais candidatos à Presidência da República foram incapazes de sensibilizar os eleitores. As intenções de voto em Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) tiveram pequena variação negativa (leia quadro ao lado), dentro da margem de erro da pesquisa (mais ou menos 2,2%). “Até agora podemos afirmar que o eleitor brasileiro se coloca de forma bastante madura e parece ter separado muito bem a política do futebol”, diz Ricardo Guedes Ferreira Pinto, diretor do Sensus. “Nem o governo nem a oposição conseguiram faturar politicamente com a Copa.”
Para o comando da campanha pela reeleição de Dilma Rousseff, o resultado da pesquisa, embora mantenha a tendência de queda da presidenta, deverá ser visto como positivo. Até a tarde da quinta-feira 17, muitos dos líderes petistas acreditavam que o mau humor provocado pelo desempenho bisonho de nossa Seleção se traduziria em uma perda acentuada nas intenções de voto da presidenta e sustentavam que as vaias contra Dilma ouvidas no jogo final da Copa deveriam contaminar as pesquisas eleitorais. A oposição, por sua vez, também tende a fazer uma leitura positiva dos números mostrados pela enquete ISTOÉ/Sensus. Na última semana, entre os tucanos e no QG da campanha do PSB havia a expectativa de que o fato de o Brasil ter conseguido organizar uma Copa elogiada em todo o mundo e a ausência de grandes manifestações durante o campeonato mundial pudessem momentaneamente refletir uma maior aceitação da presidenta. Os números mostram que não foi isso o que ocorreu. Embora não tenha aumentado a intenção de voto em Aécio ou Campos, a pesquisa revela que 50,9% dos eleitores reprovam a atuação de Dilma Rousseff à frente do governo federal e 64,9% avaliam sua gestão como regular ou negativa. “Esses números são preocupantes para quem busca a reeleição”, afirma Guedes. De acordo com o diretor do Sensus, “é muito difícil que um governante com menos de 35% de avaliação positiva consiga se reeleger”. A pesquisa revela que apenas 32,4% dos eleitores avaliam o governo de Dilma de forma positiva, um número 2,2% menor do que o apontado pelo levantamento realizado no início de junho. A análise conjunta desses dados permite concluir que, apesar de a Copa ter sido um sucesso, não houve alteração na avaliação que o eleitor faz do governo. “As pessoas estão convencidas de que a Copa deu certo por outros fatores que não a ação do governo”, diz Guedes.
A pesquisa realizada com dois mil eleitores também mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem boas razões ao insistir em convocar o PT para tentar ganhar a eleição ainda no primeiro turno. Segundo o levantamento ISTOÉ/Sensus, a presidenta Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), os dois líderes na disputa presidencial, estariam tecnicamente empatados caso disputassem hoje o segundo turno. Nessa situação, de acordo com a pesquisa, Dilma teria 36,3% dos votos e Aécio, 36,2%. É a primeira vez que os dois principais candidatos aparecem empatados em um possível segundo turno. Em abril, a diferença a favor de Dilma era de 6,7% e, em junho, de 5,1%. Também com relação ao socialista Eduardo Campos, a diferença a favor da presidenta em um suposto segundo turno vem caindo. Era 14,3% em abril, passou para 10,6% em junho e agora está em 7,8%. “Esse é o resultado mais visível da rejeição que sofre a presidenta e seu partido”, diz um dos líderes da campanha de Campos em São Paulo. “Quando os programas de tevê começarem, a tendência é a de que a presidenta também comece a cair já no primeiro turno.” Hoje, segundo a pesquisa ISTOÉ/Sensus, 42,4% dos eleitores rejeitam a possibilidade de votar na presidenta. “É natural que o candidato mais conhecido tenha também mais rejeição, mas não conheço casos de candidaturas que tenham obtido sucesso com mais de 40% de rejeição”, afirma Guedes. Se a eleição fosse hoje, segundo a pesquisa, haveria segundo turno. Dilma teria 31,6% dos votos e seus adversários somariam 32,4%.
ANÁLISE
Para Ricardo Guedes, do Sensus, rejeição à presidenta é muito alta
Registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR – 00214/2014, o levantamento ISTOÉ/Sensus constata que a definição dos vices dos três principais candidatos não surtiu efeito eleitoral, pelo menos até agora. O pior cenário é para Eduardo Campos, que apostou na transferência dos votos de Marina Silva, candidata a vice. A enquete mostra que os eleitores já sabem que Marina não será candidata a presidente, isso porque ela não é mais citada quando a pesquisa aborda a intenção de voto espontâneo (leia quadro na pág. 38). Os votos de Marina, no entanto, não se transferiram para o governador pernambucano. “É provável que daqui para a frente, com o fim da Copa, as pessoas comecem a olhar mais atentamente para os candidatos e os vices passem a ter maior importância”, afirma Guedes. “As próximas pesquisas poderão medir melhor esse fator.” O tucano Aécio Neves acredita que a chapa com o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira possa ajudar a consolidar e ampliar uma vitória no Sudeste, o maior colégio eleitoral do País. A pesquisa mostra que no Sul Aécio já ultrapassou Dilma (27,9% contra 20,9%) e que no Sudeste ele está na frente (24,8% contra 24,4%). No PSDB, no entanto, o entendimento é que essas diferenças precisam ser ampliadas. No caso da presidenta Dilma Rousseff, mais do que trazer votos, o papel do vice Michel Temer é o de procurar manter unido o PMDB. Missão nada fácil em um partido que se caracteriza como uma federação de interesses regionais nem sempre convergentes. Na quinta-feira 17, por exemplo, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse a aliados que irá comandar a campanha do tucano Aécio Neves em seu Estado. Mesma postura já adotada pelo senador Eunício Oliveira, no Ceará.
Fotos: ROBERTO CASTRO; Iano Andrade/CB/D.A Press, ANDRE DUSEK; JOA SOUZA/AG. A TARDE/FUTURA PRESS
Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra que a Copa e o vexame da Seleção Brasileira não tiveram influência na sucessão presidencial e revela empate entre Dilma e Aécio em provável segundo turno
A realização da Copa no Brasil e a vergonhosa eliminação de nossa Seleção no Mundial de futebol não tiveram, até aqui, nenhuma influência sobre a corrida presidencial. É isso o que indica a pesquisa ISTOÉ/Sensus realizada entre sábado 12 e terça-feira 15. O levantamento efetuado em 136 cidades de 14 Estados mostra que no último mês os principais candidatos à Presidência da República foram incapazes de sensibilizar os eleitores. As intenções de voto em Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) tiveram pequena variação negativa (leia quadro ao lado), dentro da margem de erro da pesquisa (mais ou menos 2,2%). “Até agora podemos afirmar que o eleitor brasileiro se coloca de forma bastante madura e parece ter separado muito bem a política do futebol”, diz Ricardo Guedes Ferreira Pinto, diretor do Sensus. “Nem o governo nem a oposição conseguiram faturar politicamente com a Copa.”
Para o comando da campanha pela reeleição de Dilma Rousseff, o resultado da pesquisa, embora mantenha a tendência de queda da presidenta, deverá ser visto como positivo. Até a tarde da quinta-feira 17, muitos dos líderes petistas acreditavam que o mau humor provocado pelo desempenho bisonho de nossa Seleção se traduziria em uma perda acentuada nas intenções de voto da presidenta e sustentavam que as vaias contra Dilma ouvidas no jogo final da Copa deveriam contaminar as pesquisas eleitorais. A oposição, por sua vez, também tende a fazer uma leitura positiva dos números mostrados pela enquete ISTOÉ/Sensus. Na última semana, entre os tucanos e no QG da campanha do PSB havia a expectativa de que o fato de o Brasil ter conseguido organizar uma Copa elogiada em todo o mundo e a ausência de grandes manifestações durante o campeonato mundial pudessem momentaneamente refletir uma maior aceitação da presidenta. Os números mostram que não foi isso o que ocorreu. Embora não tenha aumentado a intenção de voto em Aécio ou Campos, a pesquisa revela que 50,9% dos eleitores reprovam a atuação de Dilma Rousseff à frente do governo federal e 64,9% avaliam sua gestão como regular ou negativa. “Esses números são preocupantes para quem busca a reeleição”, afirma Guedes. De acordo com o diretor do Sensus, “é muito difícil que um governante com menos de 35% de avaliação positiva consiga se reeleger”. A pesquisa revela que apenas 32,4% dos eleitores avaliam o governo de Dilma de forma positiva, um número 2,2% menor do que o apontado pelo levantamento realizado no início de junho. A análise conjunta desses dados permite concluir que, apesar de a Copa ter sido um sucesso, não houve alteração na avaliação que o eleitor faz do governo. “As pessoas estão convencidas de que a Copa deu certo por outros fatores que não a ação do governo”, diz Guedes.
A pesquisa realizada com dois mil eleitores também mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem boas razões ao insistir em convocar o PT para tentar ganhar a eleição ainda no primeiro turno. Segundo o levantamento ISTOÉ/Sensus, a presidenta Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), os dois líderes na disputa presidencial, estariam tecnicamente empatados caso disputassem hoje o segundo turno. Nessa situação, de acordo com a pesquisa, Dilma teria 36,3% dos votos e Aécio, 36,2%. É a primeira vez que os dois principais candidatos aparecem empatados em um possível segundo turno. Em abril, a diferença a favor de Dilma era de 6,7% e, em junho, de 5,1%. Também com relação ao socialista Eduardo Campos, a diferença a favor da presidenta em um suposto segundo turno vem caindo. Era 14,3% em abril, passou para 10,6% em junho e agora está em 7,8%. “Esse é o resultado mais visível da rejeição que sofre a presidenta e seu partido”, diz um dos líderes da campanha de Campos em São Paulo. “Quando os programas de tevê começarem, a tendência é a de que a presidenta também comece a cair já no primeiro turno.” Hoje, segundo a pesquisa ISTOÉ/Sensus, 42,4% dos eleitores rejeitam a possibilidade de votar na presidenta. “É natural que o candidato mais conhecido tenha também mais rejeição, mas não conheço casos de candidaturas que tenham obtido sucesso com mais de 40% de rejeição”, afirma Guedes. Se a eleição fosse hoje, segundo a pesquisa, haveria segundo turno. Dilma teria 31,6% dos votos e seus adversários somariam 32,4%.
ANÁLISE
Para Ricardo Guedes, do Sensus, rejeição à presidenta é muito alta
Registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR – 00214/2014, o levantamento ISTOÉ/Sensus constata que a definição dos vices dos três principais candidatos não surtiu efeito eleitoral, pelo menos até agora. O pior cenário é para Eduardo Campos, que apostou na transferência dos votos de Marina Silva, candidata a vice. A enquete mostra que os eleitores já sabem que Marina não será candidata a presidente, isso porque ela não é mais citada quando a pesquisa aborda a intenção de voto espontâneo (leia quadro na pág. 38). Os votos de Marina, no entanto, não se transferiram para o governador pernambucano. “É provável que daqui para a frente, com o fim da Copa, as pessoas comecem a olhar mais atentamente para os candidatos e os vices passem a ter maior importância”, afirma Guedes. “As próximas pesquisas poderão medir melhor esse fator.” O tucano Aécio Neves acredita que a chapa com o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira possa ajudar a consolidar e ampliar uma vitória no Sudeste, o maior colégio eleitoral do País. A pesquisa mostra que no Sul Aécio já ultrapassou Dilma (27,9% contra 20,9%) e que no Sudeste ele está na frente (24,8% contra 24,4%). No PSDB, no entanto, o entendimento é que essas diferenças precisam ser ampliadas. No caso da presidenta Dilma Rousseff, mais do que trazer votos, o papel do vice Michel Temer é o de procurar manter unido o PMDB. Missão nada fácil em um partido que se caracteriza como uma federação de interesses regionais nem sempre convergentes. Na quinta-feira 17, por exemplo, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse a aliados que irá comandar a campanha do tucano Aécio Neves em seu Estado. Mesma postura já adotada pelo senador Eunício Oliveira, no Ceará.
Fotos: ROBERTO CASTRO; Iano Andrade/CB/D.A Press, ANDRE DUSEK; JOA SOUZA/AG. A TARDE/FUTURA PRESS
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