VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 14 de junho de 2014

A PRESIDENTE INSULTADA


ZERO HORA 14 de junho de 2014 | N° 17828


EDITORIAL



Descontando-se os condenáveis excessos

verbais, será que não existe motivo para descontentamento com o governo?

Vaia faz parte do jogo, tanto do esportivo quanto do político. O general João Figueiredo, último mandatário do regime militar, foi vaiado por estudantes em Florianópolis. O próprio Lula recebeu forte apupo na abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio. Praticamente todos os presidentes brasileiros passaram por momentos de desconforto em cerimônias públicas, especialmente quando estavam com a popularidade em baixa. Mesmo neste contexto característico da vida nacional, soam injustificáveis as ofensas dirigidas à presidente Dilma Rousseff na última quinta-feira, na abertura da Copa do Mundo, em São Paulo.

Ela não foi apenas vaiada, o que se poderia entender como uma legítima manifestação democrática considerando-se o perfil socioeconômico do público presente no Itaquerão, a tradicional rejeição paulista ao petismo e o ambiente de irreverência de uma partida de futebol. Mas o insulto em coro não pode ser considerado representativo de classe social alguma ou de determinada tendência política. O que ocorreu foi mesmo falta de educação por parte das pessoas que gritaram palavrões contra a presidente da República e contra a Fifa.

Claro que nada ocorre por acaso. A Fifa conquista antipatias por onde passa, pela forma arrogante como impõe suas exigências e pelo desrespeito aos países onde acampa a cada quatro anos com seu circo futebolístico. Mas o que nos interessa, como brasileiros, é a reação indignada contra a presidente da República, que está no comando do país e é candidata à reeleição. Descontando-se os condenáveis excessos verbais, será que não existe motivo para descontentamento com o governo?

Basta desviar o olhar do campo de jogo e fixá-lo na realidade do país: a economia não cresce, a inflação é uma ameaça constante, o loteamento político da administração pública é escandaloso, os gastos públicos com a Copa continuam mal explicados e o combate à corrupção deixou de ser prioridade na antevéspera da disputa presidencial. Há, portanto, motivos suficientes para a insatisfação.

Os insultos, porém, tiram a razão dos reclamantes e criam constrangimento para o país, que acabou mostrando ao mundo uma festa pífia, sem a palavra dos promotores e dos anfitriões, como é hábito em eventos desta dimensão.

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