VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

ORGIA PARTIDÁRIA


ZERO HORA 26 de junho de 2014 | N° 17841


EDITORIAIS



Em nome de um falso pragmatismo, disseminam-se às vésperas da eleição as alianças de ocasião patrocinadas por governistas e oposicionistas.

É perturbador o painel das alianças que mobilizam líderes partidários às vésperas da eleição, repetindo de forma ampliada uma prática consagrada pela política brasileira. Em todos os níveis, e envolvendo governistas e oposição, disseminam-se acordos que denunciam oportunismos, incoerência e posturas desrespeitosas em relação ao eleitor e às suas expectativas. Registre-se, como exemplo recente de movimento de acomodação de interesses, o afastamento do ministro dos Transportes, César Borges (PR), porque seu partido passou a desconsiderá-lo como representativo para ocupar cargo tão importante no Executivo. O ministro chegara ao posto como beneficiário de um acordo, e não necessariamente por sua habilitação, para uma das mais importantes pastas do governo. Caiu, não porque passou a ter sua competência questionada, mas para que a agremiação a que pertence se aproprie de uma vaga que considera sua na Esplanada dos Ministérios.

Espaços políticos, como o citado, deixaram de ser compartilhados por afinidades programáticas. Negocia-se tudo e com os mais variados objetivos. Num primeiro momento, um acordo pode significar mais tempo na propaganda eleitoral na TV. Mais adiante, com as definições do poder, significa cargos, acesso à gestão de verbas, favorecimentos a apadrinhados nas chamadas bases partidárias e, com frequência, tráfico de influência e corrupção. Com 32 partidos em atividade, um exagero em qualquer democracia, o Brasil vem ampliando, ao invés de reduzir, o número de siglas. Não há racionalidade política capaz de pôr ordem em tantos interesses, muitos dos quais sem nenhuma relação com as demandas do país. Registre-se que a orgia que se repete este ano não poupa os chamados grandes partidos e não distingue as práticas de situação e oposição. Em nome de um falso pragmatismo, o vale-tudo contagia a todos, com as exceções que apenas confirmam a prevalência de um comportamento condenável, sob todos os aspectos.

As combinações, dentro e fora do governo, por mais esdrúxulas que sejam, estão dentro da lei, o que apenas comprova que a inconsistência da representação política brasileira se sustenta num lastro legal. O que falta é base moral aos atos dos líderes, acentuados a três meses do pleito. Os brasileiros merecem, para fortalecimento da democracia, partidos que se sustentem em programas tornados públicos e postos em prática, e não em interesses imediatistas. A incoerência chegou ao ponto de unir desiguais ideológicos em todos os níveis e de criar alianças regionais conflitantes com os conchavos nacionais. São distorções que poderiam ser pelo menos reduzidas com uma reforma política. Mas seria ingênuo demais pretender que os protagonistas dos acertos de ocasião conspirem contra o mercado de transações que os sustenta.

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