FOLHA.COM 18/06/2014 02h00
OPINIÃO
Colhida de surpresa pela onda de manifestações de junho do ano passado, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi à TV anunciar medidas com vistas a aplacar os protestos e demonstrar que o governo federal estaria "ouvindo as vozes democráticas que pedem mudanças".
A mandatária convocou governadores, prefeitos e legisladores para cinco pactos em frentes relevantes da vida pública, do funcionamento do sistema político à responsabilidade social, passando por saúde, educação e mobilidade.
Passado um ano daquele período, pouco das promessas de fato saiu do papel; eram, como se poderia adivinhar, "para inglês ver".
Além de programas que já estavam em gestação, como o Mais Médicos, a presidente lançou um tema de impacto: a convocação de um plebiscito para decidir sobre "ampla e profunda reforma política", que seria elaborada por uma Assembleia Constituinte exclusiva.
Anunciado de improviso, o projeto tresloucado provocou críticas tanto de opositores como de governistas. Até o ex-presidente Lula teria exposto, de maneira reservada, sua contrariedade com a "barbeiragem" na articulação da proposta.
As principais siglas da oposição, embora tenham se declarado retoricamente a favor da reforma, rechaçaram a ideia de um fórum específico para realizá-la. Estava claro para todos que a sugestão da constituinte exclusiva não passava de manobra diversionista.
Diante das reações, a presidente procurou aparar as arestas e reencaminhar o assunto. Superado, porém, um período de acomodação, o pacote político patrocinado pelo Planalto caiu no esquecimento.
Frustrada em sua principal iniciativa, a presidente conseguiu alguns avanços em outras frentes, como a importação de médicos e a destinação de recursos da exploração petrolífera para a educação.
Nos planos municipal e estadual também foram apenas parciais os resultados das promessas feitas por Fernando Haddad (PT-SP) e Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
Ainda sem conseguir retomar a licitação para renovar contratos na área de transporte, que cancelou na esteira dos protestos, o prefeito ao menos superou a meta de implantação de 150 km de faixas exclusivas para ônibus.
O governador não teve o mesmo sucesso na aceleração das obras do metrô. Nos últimos 12 meses, só uma estação (Adolfo Pinheiro, da linha 5-lilás, na zona sul) foi inaugurada. As linhas em fase de projeto ou construção estão atrasadas.
Repetiu-se, nesses casos, a dinâmica conhecida em processos de crise, quando governantes anunciam medidas que parecem mais destinadas a distrair o público do que a de fato resolver problemas.
OPINIÃO
Colhida de surpresa pela onda de manifestações de junho do ano passado, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi à TV anunciar medidas com vistas a aplacar os protestos e demonstrar que o governo federal estaria "ouvindo as vozes democráticas que pedem mudanças".
A mandatária convocou governadores, prefeitos e legisladores para cinco pactos em frentes relevantes da vida pública, do funcionamento do sistema político à responsabilidade social, passando por saúde, educação e mobilidade.
Passado um ano daquele período, pouco das promessas de fato saiu do papel; eram, como se poderia adivinhar, "para inglês ver".
Além de programas que já estavam em gestação, como o Mais Médicos, a presidente lançou um tema de impacto: a convocação de um plebiscito para decidir sobre "ampla e profunda reforma política", que seria elaborada por uma Assembleia Constituinte exclusiva.
Anunciado de improviso, o projeto tresloucado provocou críticas tanto de opositores como de governistas. Até o ex-presidente Lula teria exposto, de maneira reservada, sua contrariedade com a "barbeiragem" na articulação da proposta.
As principais siglas da oposição, embora tenham se declarado retoricamente a favor da reforma, rechaçaram a ideia de um fórum específico para realizá-la. Estava claro para todos que a sugestão da constituinte exclusiva não passava de manobra diversionista.
Diante das reações, a presidente procurou aparar as arestas e reencaminhar o assunto. Superado, porém, um período de acomodação, o pacote político patrocinado pelo Planalto caiu no esquecimento.
Frustrada em sua principal iniciativa, a presidente conseguiu alguns avanços em outras frentes, como a importação de médicos e a destinação de recursos da exploração petrolífera para a educação.
Nos planos municipal e estadual também foram apenas parciais os resultados das promessas feitas por Fernando Haddad (PT-SP) e Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
Ainda sem conseguir retomar a licitação para renovar contratos na área de transporte, que cancelou na esteira dos protestos, o prefeito ao menos superou a meta de implantação de 150 km de faixas exclusivas para ônibus.
O governador não teve o mesmo sucesso na aceleração das obras do metrô. Nos últimos 12 meses, só uma estação (Adolfo Pinheiro, da linha 5-lilás, na zona sul) foi inaugurada. As linhas em fase de projeto ou construção estão atrasadas.
Repetiu-se, nesses casos, a dinâmica conhecida em processos de crise, quando governantes anunciam medidas que parecem mais destinadas a distrair o público do que a de fato resolver problemas.
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