ARTIGOS
Nei Alberto Pies*
“Não é triste mudar de ideias. Triste é não ter ideias para mudar.”
Barão de Itararé
Cada vez é mais comum deparar-se com alguém intolerante com as ideias que não sejam as suas. Intolerante com as ideias e pensamentos alheios, muitos desejam “eliminar” os seus contrários ou contraditórios. Em nome da verdade, pregam e vociferam contra tudo e contra todos que, supostamente, possam contrariar suas certezas.
Todos deveriam ter a sua ideo-logia. Todos deveriam seguir determinadas ideias para não serem pensados pelos outros. Todos deveriam manifestar suas opiniões, mas sem a pretensão de anular os pensamentos dos outros. Todos deveriam praticar o exercício da escuta respeitosa. Todos deveriam considerar que algum talvez não mudará as suas ideias, mas que o tempo e a persistência das afirmações poderão encarregar-se de mudanças bem significativas nos modos de ser, pensar e agir de todos. É preciso sempre acreditar que as lições de vida sempre se encarregam de modificar as pessoas.
Na política e na religião, as ideias rígidas e fixas tornam-se extremamente perigosas. As ideologias cristalizam verdades absolutas, com as quais é impossível dialogar. Quando não há mais diálogo, abrimos espaço imediato para ações desprovidas de razão. Aí, então, a emoção e a paixão cegam as pessoas, levando-as a agir sem a medida da razão. Perigoso mesmo é quando as mesmas ideias produzem catarses coletivas, também chamadas de “lavagem cerebral”.
Cada um desenvolve um método para lidar com os intolerantes e insensatos. Tudo o que estes esperam é que a gente reproduza a sua intransigência. Por isso mesmo, é preciso exercer muita paciência, associada ao tempo e ao bom senso. Antes tarde que mais tarde, muitos reconhecerão não a nossa razão, mas a consistência daquilo que a gente pensa e daquilo que a gente faz. O que nos derruba diante dos outros é sempre a incoerência.
A abundância das informações no mundo do conhecimento imprime a ideia de verdade como uma busca, não como uma afirmação definitiva. A questão que se coloca agora é como lidar com esta perspectiva da verdade, num momento em que a humanidade, contra a sua evolução, afirma-se em novos fundamentalismos. Como afirma o poeta alemão Henry Charles Bukowski Jr, “o problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas e as pessoas idiotas estão cheias de certezas”.
Cegueiras fazem mal às pessoas e não permitem que suas ideias sejam modificadas, mas servem de pretexto para impor suas verdades absolutas. Eu prefiro evitá-las!
*PROFESSOR E ATIVISTA DE DIREITOS HUMANOS
Um comentário:
Meu professor é f.o.d.a
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