EDITORIAL
Se foi capaz de atender a exigências de nível internacional para a Copa, o país precisa se comprometer agora em garantir serviços públicos com a mesma qualidade.
Neste primeiro dia sem jogos do Mundial desde que começou a competição, no dia 12 passado, cabe uma reflexão sobre o país depois da Copa. O evento esportivo e a movimentação de turistas estão envolvendo de tal forma os brasileiros, que já se prevê uma espécie de síndrome de abstinência quando os jogos terminarem. Para que esse sentimento de tédio não resulte em manifestações de insatisfação, os governantes, as autoridades e as lideranças da sociedade já deveriam ir planejando uma agenda capaz de mostrar que o país tem capacidade de planejar e executar com um mínimo de eficiência também em outras áreas. Uma delas, obviamente, é saúde pública, a mais citada das reivindicações de rua intensificadas a partir de junho do ano passado.
Independentemente dos posicionamentos individuais em relação à conveniência de sua realização, o fato concreto é que a Copa expôs tanto os aspectos vulneráveis quanto o potencial do país de pensar grande, de acordo com padrões internacionais. As exigências impostas para a realização do Mundial mostraram uma tendência do Brasil de deixar tudo para a última hora, por razões que vão desde falhas de planejamento até excesso de burocracia. Evidenciaram também que, mesmo de forma peculiar e na maioria das vezes alcançados apenas em parte os objetivos propostos, o país se mostrou em condições de realizar um evento dessas dimensões. Em ambos os casos, os cidadãos tiveram papel decisivo.
Se foi capaz de atender a exigências de nível internacional para a Copa, o país precisa se comprometer agora em garantir serviços públicos com a mesma qualidade. Os brasileiros já arcam com uma carga de impostos equivalente à cobrada pelo chamado G7, o grupo das maiores potências globais. Têm todo o direito, portanto, de contar com serviços e infraestrutura à altura dos oferecidos por esses países, o que depende apenas de comprometimento e de definição de prioridades por parte do poder público.
Da mesma forma, é preciso que o país, nas diferentes instâncias da federação, se empenhe em assegurar alternativas para aproveitar a infraestrutura e o know-how legados pela Copa. Particularmente nas 12 cidades-sede, o principal desafio será definir que eventos poderão compensar a fase pós-Copa – na cabeça e no bolso dos cidadãos.
EM RESUMO
Editorial diz que o país precisa pensar desde já em alternativas para usar a infraestrutura e o know-how relacionados ao Mundial depois de encerrados os jogos.
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