VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A TAL ELITE BRANCA


ZERO HORA 20 de junho de 2014 | N° 17834


DAVID COIMBRA



Agora inventaram essa história de elite branca. Por favor. Uma das poucas vantagens que o Brasil realmente tem em relação a TODOS os outros países do mundo é a miscigenação. No Brasil, as etnias de fato se misturam, e o fazem com naturalidade.

Nos Estados Unidos, existem tantas variedades étnicas quanto no Brasil, mas a miscigenação por aqui é mais custosa, as raças ainda se protegem homiziando-se em guetos, casando-se entre si. No Brasil, todos, japoneses, negros, alemães, anões, cafuzos, mamelucos, índios, brancos, azuis, todos são brasileiros.

É óbvio que existe racismo no Brasil – existe em toda parte do mundo. Mas a discriminação maior no Brasil é a social. Nos Estados Unidos, havia racismo até nas leis. Não há mais. Eles fizeram ações afirmativas, puniram com rigor manifestações racistas e deram oportunidades iguais a todos. Hoje, negros ocupam cargos importantes, inclusive o mais importante. No Brasil, falta precisamente isso – oportunidades iguais. Não é seccionando a sociedade que se vai alcançar a igualdade. Ao contrário. Há que se unir. Se todos tiverem oportunidades iguais, questões raciais também serão atenuadas.

Donde a perversidade dessa conversa de elite branca. Tenho lido muito isso. Balela de quem quer parecer paladino na luta contra as desigualdades. Descrevem a tristeza dos que ficam do lado de fora do jogo do Brasil, assistindo às lágrimas a passagem dos privilegiados que têm ingresso. Uma jequice. Na Copa da Alemanha, foi assim. Na do Japão também. Na Olimpíada de Londres, da mesma forma. Não há novidade. Um bilhão de pessoas querem assistir a um jogo desses, alguém vai ter que ver pela TV.

O ingresso do futebol é muito caro para o pobre. Oh! O ingresso para ver o Chico Buarque não é barato, nem o do show da Madonna, nem a entrada do cinema. Pelé não ganhava um milhão por mês. Fred ganha. Assim, ver Fred é mais caro do que era ver Pelé.

A elite branca xingou a presidente. Quem garante que pobres e pretos não o fariam? Essa elite branca é “branca” de fato? Existem “brancos” de fato no Brasil? Será que existe mesmo essa divisão, pobres e pretos a favor do governo, elite branca contra? Esse é um governo só para pretos e pobres? Como é que se faz para conseguir um governo para todos?

A falta de educação não tem cor nem classe social. Aconteceu em Itaquera, acontece em todo lugar. A falta de educação grassa no Brasil, basta ler o que brasileiros escrevem em comentários de blog e redes sociais a respeito das pessoas com quem não concordam.

Aliás, isso de presidentA. Será que os petistas inteligentes e ilustrados não veem que isso é uma babaquice? Isso não valoriza a mulher coisa nenhuma, isso a ridiculariza. Quem é o taipa que fala presidentA sem achar estranho?

A propósito, havia no Brasil uma propaganda do TSE, não sei se está passando ainda. É para incentivar as mulheres a concorrer a cargos públicos. A mulher da propaganda pergunta: “Até quando vamos deixar que ELES falem por nós?”. Mas como? Um homem não pode representar mulheres no parlamento? Temos que votar por gênero, homem vota em homem, mulher vota em mulher? É assim?

Elite branca, presidentA e outros que tais são apostas na divisão, na ruptura social. Não levam a nada. Ou, antes: não levam a nada de bom.

Nenhum comentário: