OPINIÃO
O desemprego é bem maior do que o governo tem alardeado e mais uma vez dados oficiais desmentem as bravatas da presidente Dilma Rousseff e de seus ministros econômicos. A desocupação ficou em 7,1% no primeiro trimestre, bem acima da taxa estimada para os três meses finais do ano passado, de 6,2%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), publicada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O cenário mostrado por este levantamento é bem pior que aquele apontado tradicionalmente pela pesquisa mensal do IBGE, realizada nas seis maiores regiões metropolitanas com visitas a cerca de 44 mil domicílios e entrevistas com 120 mil pessoas. A Pnad Contínua cobre 211.344 domicílios em 3.464 municípios.
As primeiras informações sobre a Pnad Contínua indicaram resultados bem piores que aqueles habitualmente divulgados e sempre usados como trunfos políticos pelo governo. O IBGE anunciou há meses a intenção de regularizar a publicação dos novos dados, muito mais amplos e mais compatíveis com os padrões internacionais.
A ideia foi mal recebida em Brasília e tentou-se frear a publicação, em manobra defendida no Congresso pela senadora Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil da Presidência da República. Técnicos do IBGE protestaram com greve e o relatório foi publicado. A ideia é manter as duas pesquisas durante algum tempo até a substituição da tradicional pela nova.
A taxa de 7,1% supera os números estimados para o terceiro e o quarto trimestres do ano passado (6,9% e 6,2%), mas é mais baixa que a dos primeiros três meses de 2013, quando o desemprego chegou a 8%. Toda a série dos últimos dois anos mostra números mais altos que aqueles apontados pela pesquisa mensal nas seis maiores regiões metropolitanas. As maiores taxas de desemprego, segundo a Pnad Contínua, foram encontradas no Nordeste (9,3%) e no Norte (7,7%). As menores, no Sul (4,3%) e no Centro-Oeste (5,8%). A do Sudeste ficou em 7% no primeiro trimestre - número menor que o de um ano antes (7,6%), mas igual à média dos quatro trimestres de 2013.
Com esses dados, a presidente Dilma Rousseff e seus ministros terão maior dificuldade para esnobar os países desenvolvidos e parte dos emergentes. Não poderão, por exemplo, contar bravatas em relação aos Estados Unidos, onde o desemprego chegou a 6,3% em abril. Desde o fim do ano passado a desocupação na economia americana já era menor que a brasileira, pelo menos segundo os números da Pnad Contínua.
A presidente ainda poderá confrontar vantajosamente os dados brasileiros com os da União Europeia, onde o desemprego, segundo os últimos dados, ainda estava em 10,4%, apesar dos sinais de reativação econômica. Na zona do euro a taxa era de 11,7% em abril.
Mas esses números são compostos e em boa parte refletem o quadro muito ruim de alguns países, como a Espanha, onde a proporção dos desocupados ainda passava de 25% nos últimos meses. A comparação fica menos vantajosa para o lado brasileiro, quando se examinam as porcentagens de vários outros países desenvolvidos.
A Holanda, com uma taxa de 7,2%, praticamente empata com o Brasil. Mas o cenário do desemprego é sensivelmente menos grave na Dinamarca (6,5%), na República Checa (6,5%), na Alemanha (5,25%) e na Áustria (4,9%). No Japão, onde o desemprego é tradicionalmente menor que no Ocidente, a última pesquisa indicou 3,6% - embora a economia apenas tenha começado, muito lentamente, a sair da longa recessão.
Também na América Latina, onde muitas economias têm crescido mais que a brasileira com inflação bem menor, o Brasil fica mal na comparação. Em outubro, sete países tinham desocupação inferior a 6% - Peru, Honduras, Chile, México, Panamá, Equador e Guatemala. O Uruguai praticamente empatava com o Brasil. Além do discurso triunfalista, todos e
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