JORNAL DO COMÉRCIO 30/06/2014
EDITORIAL
No final de semana, três convenções de partidos que têm candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, muitos leitores reclamam das alianças que estão sendo feitas com vistas às eleições de outubro. Têm razão, em parte, mas não é de hoje nem com esses partidos que isso acontece. Vem de longe, e a pulverização de siglas, aliada à busca desenfreada por mais um minuto de propaganda na TV, monta esse quadro que é renegado por tantos. Há situação em que o ideário programático de uma agremiação bate de frente com o que pensa outra facção. Porém, sem sequer enrubescer, líderes dos dois lados sustentam o acordo para vencer as eleições, seja para presidente, governador, senadores ou deputados federais e estaduais. Isso é o que leva às críticas, às vezes contundentes, de boa parte dos eleitores.
Quando o povo não acredita na probidade dos seus políticos e, menos ainda, dos partidos que existem, a imoralidade acaba se espalhando. Tudo indica, esse parece ser, para muitos, o caso brasileiro, talvez um exagero. Não é de agora, muito menos um problema generalizado. No entanto, a sensação que paira sobre os políticos em geral e os partidos é essa mesma: descrença. Ao mesmo tempo, ouvem-se lamúrias nos meios de comunicação social por conta da corrupção. Simultaneamente, e muito pouco debatida, escoimada do noticiário por conta da Copa do Mundo, a situação da economia brasileira continua declinando. A previsão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não passa de baixos 1,3% para 2014, muito pouco. Entidades empresariais divulgam dados nos quais a confiança de vários setores está em baixa, junto com as vendas. É uma projeção que tende a piorar, pois o déficit das contas externas do País está projetado em US$ 80 bilhões neste ano. Temos reservas para bancar a quantia, da mesma forma que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) continua entrando no Brasil. Mas é um déficit preocupante.
A dívida interna federal passou de R$ 2 trilhões e, para honrá-la, são gastos em torno de R$ 220 bilhões ao ano, uma fábula de dinheiro e que faria, por exemplo, a alegria do Tesouro do Rio Grande do Sul, se dele pudesse se apropriar. Não é pessimismo exagerado nem viés ideológico tentando seduzir eleitores para esta ou aquela agremiação, mas fatos. E, sabemos, contra fatos, não há argumentos. Então, devem os partidos darem o exemplo de retidão nas suas ideologias, mantendo os postulados – inerentes a todos, reconhecemos – por mais progresso, menos desigualdade social, melhor distribuição de renda e o fortalecimento de um estado de bem-estar social.
Programas de governo são parecidos, e isso não invalida nenhum partido. Aplicar na base da educação, saúde e segurança é um pleonasmo de reforço quando se fala do que a população quer. Porém, o Brasil precisa de investimentos na sua infraestrutura nacional, estadual e municipal em todos os quadrantes. Também gastar menos e melhor, outra redundância administrativa. A demanda reprimida que temos em busca de mais igualdade - mas com diferenças de méritos - nunca será plenamente satisfeita. Mas se a mantivermos com perseverança como sendo o grande desiderato nacional, certamente teremos bons resultados logo adiante.
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