VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

IMAGINA DEPOIS DA COPA


ZERO HORA 12 de junho de 2014 | N° 17826

ARTIGOS


por Marcel Van Hattem*



Sofreríamos do “complexo do vira-lata”: achamos que somente tem valor aquilo que vem do Exterior. “Lá fora” estaria o que é bom; aqui, nada presta. É cada vez mais frequente, aliás, vermos jovens expressando vontade de fazer a vida no Exterior. Por outro lado, é raro exercitarmos a reflexão, a autocrítica. Não somos nós quem elege os políticos, permitindo que a situação seja como é? Não é a nossa omissão que permite que associações de bairro, diretórios acadêmicos, Câmaras de Vereadores e sindicatos caiam, frequentemente, em mãos erradas?

Não há como negar: vivemos tempos difíceis. Os serviços públicos, a educação, a saúde, a segurança dos cidadãos, vai tudo muito mal. Nossas instituições sofrem e até mesmo a economia, que parecia ir bem (à base de malabarismos contábeis, hoje sabemos), aponta a volta da inflação. Surgiu, então, um novo bode expiatório: a Copa do Mundo.

Para uns, protestar contra tudo isso é dizer #NãoVaiTerCopa, depredando propriedades privadas, pichando prédios públicos e soltando rojões mortais em praça pública. Como se a indignação com o que vai mal justificasse atitudes criminosas. Para outros, marqueteiros e partidários do governo, protestos não se justificam, pois esta seria a #CopadasCopas, organizada por um Brasil pujante e pronto para demonstrar ao mundo que viveria um novo momento.

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. As pessoas de bom senso que saíram às ruas em junho de 2013 voltaram ao conforto de seus sofás, enquanto assistem ao noticiário, apenas murmurando: “Imagina na Copa!”. Desistimos de protestar em público por causa da violência, de um lado, e da partidarização, de outro.

Imagina na Copa? Não... Imagina depois da Copa!

Apesar de o leite já estar derramado, não podemos nos acomodar. A Copa está aí – mas vai passar. O que fica é um país repleto de desafios a serem solucionados no presente, por nós mesmos, para que deixemos de ser o país do futuro. Imaginemos depois da Copa. E ajamos!


* Cientista político, jornalista, associado do Instituto Liberdade, coordenador do projeto Imagina depois da Copa

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