REVISTA ISTO É N° Edição: 2326, 20.Jun.14 - 20:50
EDITORIAL
Carlos José Marques, diretor editorial
A radicalização dos discursos políticos de candidatos e aliados turvou a corrida presidencial em meio à Copa. A baixaria das declarações colocou por terra as chances, ao menos momentaneamente, de um bom confronto de ideias e projetos visando melhorias para o País – o que, no fundo, é o que interessa. Em uma vaia de torcida seguida de deplorável xingamento, Lula enxergou a oportunidade de vitimar a presidenta Dilma, que anda em baixa nas pesquisas. Ato contínuo, tratou de resgatar o surrado argumento de uma suposta luta de classes em voga por essas bandas.
EDITORIAL
Carlos José Marques, diretor editorial
A radicalização dos discursos políticos de candidatos e aliados turvou a corrida presidencial em meio à Copa. A baixaria das declarações colocou por terra as chances, ao menos momentaneamente, de um bom confronto de ideias e projetos visando melhorias para o País – o que, no fundo, é o que interessa. Em uma vaia de torcida seguida de deplorável xingamento, Lula enxergou a oportunidade de vitimar a presidenta Dilma, que anda em baixa nas pesquisas. Ato contínuo, tratou de resgatar o surrado argumento de uma suposta luta de classes em voga por essas bandas.
Ao que tudo indica, o líder petista acredita piamente no conceito de país dividido e tenta manipular parte da opinião pública com a ladainha do “nós” contra “eles” – bem entendido os dois grupos não necessariamente encaixados nos limites socioeconômicos de “pobres” e “ricos” e sim dentro do parâmetro de quem apoia e quem é contra a reeleição da candidata do governo. O artifício de ensejar um ambiente hostil é perigoso e pode gerar efeito contrário ao esperado, colando a imagem de extremista no propagador da mensagem.
Na prática, ao atacar o que chama de preconceito e ódio das elites, Lula converteu-se, ele mesmo, no maior difusor de palavras de ordem agressivas e com forte apelo à intolerância. Nos últimos dias ele deu mostras de desejar um combate sangrento no ringue, defendendo o uso de subterfúgios rasteiros como a tática do medo adotada recentemente em campanha publicitária, tal e qual as armas já usadas por seus adversários anos atrás.
É bem verdade que do lado da oposição também vieram impropérios – como o de dizer que esse é “um governo comandado por um bocado de raposa que já roubou o que tinha que roubar” –, em nada ajudando a serenar os ânimos.
E assim, de injúrias em injúrias, a eleição desceu ao mais baixo nível possível, com os postulantes à Presidência se distanciando ainda mais do voto daqueles que almejam por alternativas construtivas. Se esse vai ser o tom da campanha daqui por diante, é difícil prever, mas historicamente o clima de animosidade tem elevado de maneira significativa o grau de rejeição dos eleitores.
Não por menos, os índices de votos brancos e nulos têm batido recordes seguidos. Um recado claro de que a população anseia por saídas inovadoras, longe do bate-boca vulgar.
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