O ESTADO DE S.PAULO 12 Junho 2014 | 02h 06
OPINIÃO
OPINIÃO
A presidente Dilma Rousseff deve estar se perguntando o que foi que fez de errado ao seguir à risca os conselhos de seu patrono Luiz Inácio Lula da Silva e do seu marqueteiro João Santana para virar o jogo de seu crescente desprestígio. Nos últimos tempos, como a instruíram, ela praticamente só fez expor-se, expor-se e expor-se. Ou abrindo a residência oficial do Alvorada a diferentes grupos de jornalistas, em jantares nos quais não só aceitava responder ao que quisessem, mas ainda - para mostrar ao eleitorado, por meio deles, a sua "face humana" - lhes repassava a sua inigualável receita de bacalhoada.
Ou percorrendo o País inteiro, como a candidata em campanha que é, para ser o centro das atenções em eventos criados só para isso, reproduzindo o que o Lula fazia em 2010 ao carregar o seu "poste" para todo lado. Ou convocando redes nacionais para se vangloriar dos seus feitos, prometer um futuro ainda mais superlativo e ir para cima da oposição. Ou, o que dá no mesmo, sendo a estrela do programa eleitoral e dos spots de propaganda do PT. Nos meses recentes ela há de ter falado urbi et orbi mais vezes do que nos três anos anteriores de mandato. E o que isso lhe rendeu na percepção alheia? Uma torrente de más notícias. As duas de anteontem, então, foram um naufrágio. Uma pesquisa simplesmente deixou a sua reeleição na marca do pênalti. E o PMDB a castigou aprovando o apoio a ela nas urnas de outubro por uma maioria vexatória de tão aquém das expectativas.
Além de trazer mais do mesmo, a pesquisa do Ibope apresentou um resultado inédito e potencialmente letal para a pretensão da presidente. O mais do mesmo é o definhamento do presumível eleitorado da petista, acompanhado da alta das intenções de voto no tucano Aécio Neves e no socialista Eduardo Campos. Variações pequenas, dentro da margem de erro de 2 pontos da sondagem. Mas só Dilma, como se diz, pontuou para baixo, descendo dos 40% de maio para 38%. Aécio foi de 20% para 22% e Campos, de 11% para 13%. Somado-se a isso os 3% do Pastor Everaldo, do PSC, e os 4% dos "outros", desaparece a diferença que levaria Dilma à vitória na primeira rodada. A cada sondagem, o segundo turno se torna mais provável, praticamente uma certeza. E o seu resultado está ficando mais incerto.
Em um tira-teima com qualquer dos rivais, a vantagem de Dilma nunca esteve tão pequena: 11 pontos sobre Campos e 9 sobre Aécio. Esses números não precisam ficar mais apertados para se poder afirmar com segurança que, em tais condições, qualquer desfecho é possível. Dilma continua imbatível no quesito rejeição, com "votos negativos" em alta: agora são 38% os entrevistados que não votariam nela de forma nenhuma. No caso de Aécio são 18% e no de Campos, 13% - em tendência de queda. Pior do que isso para a presidente é a novidade do levantamento: pela primeira vez desde que chegou ao Planalto, o contingente que considera a sua gestão ruim ou péssima superou a parcela que a julga boa ou ótima. A diferença é pequena (35% a 31%), mas, se Dilma não estancar a tendência, não haverá segundo mandato.
Os políticos do PMDB seriam os últimos a não perceber o desgaste aparentemente irrefreável da presidente que, de mais a mais, nunca os tratou bem (como se isso fosse uma exceção) e que não quis ou não conseguiu impedir o PT de lançar candidatos próprios a governador em Estados peemedebistas, a começar do Rio de Janeiro. Deram-lhe um troco ardido na terça-feira ao manter, visivelmente a contragosto, a coligação cujo vice é o presidente efetivo da sigla, Michel Temer. Na véspera da convenção, os seus caciques diziam que, na pior das hipóteses, 66% dos delegados votariam pela aliança - da primeira vez, em 2010, foram 85%. Os 59% afinal apurados deram a Dilma a mais mequetrefe das vitórias.
É fato que ainda assim ela obteve o que queria do PMDB: os seus 2 minutos e 18 segundos em cada bloco de 25 minutos do horário eleitoral. Terá assim quase a metade do tempo das emissões - o que poderá se revelar um bem que vem para o mal. Doze minutos de jactâncias e promessas, duas vezes por dia, poderão indispor com a candidata o mais crédulo dos eleitores - mesmo com Lula dominando a cena.
Ou percorrendo o País inteiro, como a candidata em campanha que é, para ser o centro das atenções em eventos criados só para isso, reproduzindo o que o Lula fazia em 2010 ao carregar o seu "poste" para todo lado. Ou convocando redes nacionais para se vangloriar dos seus feitos, prometer um futuro ainda mais superlativo e ir para cima da oposição. Ou, o que dá no mesmo, sendo a estrela do programa eleitoral e dos spots de propaganda do PT. Nos meses recentes ela há de ter falado urbi et orbi mais vezes do que nos três anos anteriores de mandato. E o que isso lhe rendeu na percepção alheia? Uma torrente de más notícias. As duas de anteontem, então, foram um naufrágio. Uma pesquisa simplesmente deixou a sua reeleição na marca do pênalti. E o PMDB a castigou aprovando o apoio a ela nas urnas de outubro por uma maioria vexatória de tão aquém das expectativas.
Além de trazer mais do mesmo, a pesquisa do Ibope apresentou um resultado inédito e potencialmente letal para a pretensão da presidente. O mais do mesmo é o definhamento do presumível eleitorado da petista, acompanhado da alta das intenções de voto no tucano Aécio Neves e no socialista Eduardo Campos. Variações pequenas, dentro da margem de erro de 2 pontos da sondagem. Mas só Dilma, como se diz, pontuou para baixo, descendo dos 40% de maio para 38%. Aécio foi de 20% para 22% e Campos, de 11% para 13%. Somado-se a isso os 3% do Pastor Everaldo, do PSC, e os 4% dos "outros", desaparece a diferença que levaria Dilma à vitória na primeira rodada. A cada sondagem, o segundo turno se torna mais provável, praticamente uma certeza. E o seu resultado está ficando mais incerto.
Em um tira-teima com qualquer dos rivais, a vantagem de Dilma nunca esteve tão pequena: 11 pontos sobre Campos e 9 sobre Aécio. Esses números não precisam ficar mais apertados para se poder afirmar com segurança que, em tais condições, qualquer desfecho é possível. Dilma continua imbatível no quesito rejeição, com "votos negativos" em alta: agora são 38% os entrevistados que não votariam nela de forma nenhuma. No caso de Aécio são 18% e no de Campos, 13% - em tendência de queda. Pior do que isso para a presidente é a novidade do levantamento: pela primeira vez desde que chegou ao Planalto, o contingente que considera a sua gestão ruim ou péssima superou a parcela que a julga boa ou ótima. A diferença é pequena (35% a 31%), mas, se Dilma não estancar a tendência, não haverá segundo mandato.
Os políticos do PMDB seriam os últimos a não perceber o desgaste aparentemente irrefreável da presidente que, de mais a mais, nunca os tratou bem (como se isso fosse uma exceção) e que não quis ou não conseguiu impedir o PT de lançar candidatos próprios a governador em Estados peemedebistas, a começar do Rio de Janeiro. Deram-lhe um troco ardido na terça-feira ao manter, visivelmente a contragosto, a coligação cujo vice é o presidente efetivo da sigla, Michel Temer. Na véspera da convenção, os seus caciques diziam que, na pior das hipóteses, 66% dos delegados votariam pela aliança - da primeira vez, em 2010, foram 85%. Os 59% afinal apurados deram a Dilma a mais mequetrefe das vitórias.
É fato que ainda assim ela obteve o que queria do PMDB: os seus 2 minutos e 18 segundos em cada bloco de 25 minutos do horário eleitoral. Terá assim quase a metade do tempo das emissões - o que poderá se revelar um bem que vem para o mal. Doze minutos de jactâncias e promessas, duas vezes por dia, poderão indispor com a candidata o mais crédulo dos eleitores - mesmo com Lula dominando a cena.
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