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terça-feira, 9 de agosto de 2011

ALIANÇA DE IMORALIDADES

EDITORIAL ZERO HORA 09/08/211


Não passa semana sem que algum ministro ou assessor direto da presidente Dilma Rousseff seja denunciado por irregularidades. Dois ministros já foram substituídos por este motivo, e um terceiro está no foco do debate desta semana. O protagonista da vez é o titular da pasta da Agricultura, Wagner Rossi, que desde a semana passada tenta articular explicações para indícios de que o ministério, a exemplo do que ocorria nos Transportes, permite relações promíscuas entre servidores e prestadores de serviços. Há semelhanças entre o que acontecia nos dois ministérios. Também na Agricultura, o senhor Rossi comandava, a partir da estrutura que havia montado quando dirigia a Conab, a companhia estatal de abastecimento, um staff de assessores nomeados. Todos homens da sua estrita confiança e por ele considerados profissionais graduados e habilitados paras as funções.

Nos Transportes, 22 assessores tiveram de deixar os cargos. Na Agricultura, por enquanto, um teve de abandonar o governo, o secretário executivo Milton Ortolan, que não resistiu às suspeitas de que favorecia um lobista que dispunha até de sala no ministério. Também nesse caso, há similaridade com a inusitada situação de um funcionário fantasma dos Transportes, que não mantinha qualquer relação trabalhista com o Executivo mas participava inclusive de reu- niões para definir regras de licitações. A sensação de impunidade aperfeiçoou assim a convivência conflituosa de servidores com emissários de empresas. Que descontrole permitia o trânsito de um lobista pela Agricultura, como se tal fato fosse normal? Como um ministro poderá dizer que não sabia das relações de seu secretário executivo, o segundo homem na hierarquia, com alguém que frequentava a pasta com o único objetivo de infiltrar-se nas decisões de governo?

Será difícil para o ministro sustentar – como tentou o senhor Alfredo Nascimento, antes de deixar os Transportes – a tese de que não tinha conhecimento do que acontecia em salas ao lado de seu gabinete. Não há como admitir, por exemplo, que Wagner Rossi não soubesse que o tal lobista elaborava até mesmo documentos para contratar empresas sem licitação. Em ambas as situações, como conhecedor dos fatos, ou como uma autoridade alheia ao que se passava ao seu redor, o ministro falhou. Os episódios envolvendo as duas pastas têm em comum o fato de que, em nome de alianças, autoridades se apoderam dos setores que comandam e caracterizam as suas gestões como se fossem extensões de seus partidos. Era assim com o PR nos Transportes, e repete-se o mesmo modelo com a partilha entre PMDB e PTB na Agricultura. São as consequências de uma governabilidade mantida a qualquer custo e que em tais circunstâncias revela sua face imoral. Alianças não são conveniên- cias irrestritas, com o loteamento sumário da administração pública por critérios políticos.

Tal partilha vem se revelando danosa para todos. É assim que os postos são ocupados por pessoas sem competência e, em alguns casos, sem princípios éticos. Perde o país, pela combinação de ineficiência com desmandos, e perde o governo, quase imobilizado por uma série interminável de flagrantes de condutas ilícitas.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Está na hora de extinguir o 2 Turno nas eleições, pois, além de ser caro para os cofres públicos, produz alianças imorais na busca de ampliar votos e garantir o poder. Sem o segundo turno, o partido ou a coligação vencedora não terá que se sujeitar às alianças indesejáveis e não comprometidas com o plano de governo e promessas proferidas na maior parte da campanha.

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