VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

FRENTE "PRÓ-FAXINA" CONTRA A CORRUPÇÃO

CONTRA A CORRUPÇÃO. Senadores criam frente “pró-faxina”. Pressionada por aliados descontentes com demissões de suspeitos, Dilma ganhou apoio de parlamentares independentes - ZERO HORA 16/08/2011

Na hipótese de a presidente Dilma Rousseff seguir adiante na proposta de fazer “faxina” nos ministérios sob suspeita de corrupção – o que vem provocando a revolta dos aliados no Congresso –, ela terá, pelo menos, um grupo de aliados independentes no Senado. Em um movimento desencadeado pelos senadores Pedro Simon (PMDB), Ana Amélia Lemos (PP) e Cristovam Buarque (PDT-DF), foi criado ontem uma frente partidária em defesa das iniciativas do Planalto contra a corrupção.

Da tribuna, Ana Amélia definiu o posicionamento do grupo:

– Não é alinhamento automático, é apoio a ações de governo.

Simon, idealizador do movimento, pediu que o Congresso se una para permitir que o governo tome as medidas que julgar necessário. Em contrapartida, cobrou de Dilma ações semelhantes às desencadeadas no Ministério dos Transportes em outras áreas:

– Claro que não pode a presidenta fazer apuração em cima do PR, em cima do PMDB e não fazer no PT, fazer no PDT.

A série de discursos dos defensores da nova frente suprapartidária contou com apartes de senadores de várias siglas. Alguns, de partidos aliados do Planalto, mas com postura independente. Vários, como Simon, Ana Amélia e Cristovam, já assinaram pedidos de CPI contra o governo Dilma.

Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) sugeriu à presidente que não tema possíveis boicotes ao seu governo de parte de aliados incomodados com o combate à corrupção.

– Vamos dizer à presidente que ela conte com uma base parlamentar de defesa, não de seu governo, mas de defesa do Brasil. Enquanto tiver corrupção no Brasil, qualquer governo não terá sucesso. A base parlamentar que deve ser constituída nesta Casa é uma base de defesa do Brasil – disse.

Já os governistas tiveram reação adversa à frente suprapartidária. O líder do PT, Humberto Costa (PE), surpreendeu o plenário ao discorrer sobre as medidas do governo de enfrentamento à crise financeira mundial. O tema levou Simon a aparteá-lo, questionando se não errara o pronunciamento. Já o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), chegou após três horas de discursos, para agradecer o apoio dos senadores em nome de Dilma:

– Defendo a posição que é do governo, ou seja, a de investigar profundamente e de modo transparente, mas sem a necessidade de uma CPI.

Líder peemedebista se queixa do Planalto

Em uma clara demonstração de que o clima entre a base aliada e o governo continua sendo de beligerância, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), queixou-se da falta respeito do Planalto em relação aos parlamentares e exigiu um cronograma de liberação de emendas.

As ameaças veladas de uma possível rebelião da base foram feitas durante o dia, antes da reunião que a presidente Dilma Rousseff teria à noite com líderes de PT e PMDB. O encontro não estava na agenda.

– A falta de clareza, de franqueza, de respeito ao parlamento pode criar insatisfações graves – avisou o líder.

As insatisfações envolvem a demora do governo em liberar as emendas e também os cargos de segundo escalão. A preocupação com as possíveis rebeldias e ameaças dos aliados foi um dos principais temas da reunião de coordenação de governo, comandada ontem por Dilma.

O Planalto resiste em apresentar o cronograma de desembolso completo da primeira parcela de R$ 1 bilhão de emendas e também não quer falar em ampliar o volume de recursos. Os parlamentares, por sua vez, lembram que há mais de R$ 7 bilhões apenas em emendas individuais. Ou seja, a rebelião que começou com a insatisfação do PR agora se propagou para o PMDB.

Alves demonstrou insatisfação com a demora nos desembolsos, afirmando que os parlamentares não estão pedindo favor ao governo pela liberação.

– A gente quer a execução da lei orçamentária que nós aprovamos no Congresso. Não é concessão do governo. Não é regalia de parlamentar. É lei – desabafou.


EDITORIAL ZERO HORA - FRENTE ANTICORRUPÇÃO

Articulou-se ontem no Senado o esboço do que pode vir a ser uma frente suprapartidária de apoio à determinação da presidente Dilma Rousseff de combater a corrupção no governo de forma implacável. Foi a primeira grande manifestação da câmara alta do Congresso depois da sequência de denúncias contra ocupantes de altos escalões dos ministérios dos Transportes, da Agricultura e do Turismo. A ideia deve ser transformada em gestos concretos, que dependem também do Executivo, para que os pronunciamentos não se esgotem como expressão de indignação. O importante é que a sugestão, no sentido de mobilizar o Senado em apoio à presidente da República, partiu de combatentes históricos da corrupção, a partir de discurso de Pedro Simon, que logo contou com o apoio de políticos das mais variadas agremiações.

Observe-se que a iniciativa de oferecer suporte ao esforço do governo não parte de líderes aliados. Pelo contrário, os que se pronunciaram da tribuna não têm vínculos diretos com a base governista, invariavelmente atuam com independência e, mesmo assim, oferecem-se para a interlocução do Planalto com o Congresso. A segunda-feira cívica, definida pelos próprios senadores, inspira-se em movimentos históricos que, deflagrados com singeleza, logo se disseminaram e conquistaram apoio popular. Foi assim, como lembrou Simon, com as Diretas Já, que começou com alguns voluntariosos e logo contagiou o país. A frente articulada informalmente não significa nenhum alinhamento automático às iniciativas da presidente, mas um apoio específico e declarado à sua intenção de combater desmandos.

O governo não precisa muito mais do que isso para levar adiante a prometida faxina que já afastou mais de 30 servidores dos cargos que ocupavam. A manifestação é também um contraponto decisivo à indiferença manifestada por parlamentares governistas, ou mesmo por declarações dos que subestimaram a gravidade dos indícios de irregularidades nos três ministérios. A segunda-feira cívica também ganha forma num momento em que boa parte da base do governo, ao invés de ser solidária com a presidente, adota como estratégia o boicote à pauta em discussão no Congresso. Configura-se aí a retaliação dos próprios governistas – ou que em algum momento anunciaram-se como tais – encarregados de emperrar as votações, como clara chantagem para forçar a liberação de verbas das famigeradas emendas orçamentárias individuais.

Os integrantes da frente que se alia à faxina, que inclui, entre outros, os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Ana Amélia Lemos (PP-RS), têm em comum o fato de não compactuarem com a chantagem exercida pelos que perderam feudos no setor público. Todos assumiram o compromisso do diálogo com o Planalto, cumprindo, assim, uma das atribuições do Congresso, que não pode ser apenas a de legislar e de fiscalizar os atos do Executivo, mas também de atuar como interlocutor, quando da abordagem das grandes questões nacionais, independentemente das diferenças partidários. A guerra à corrupção é uma dessas questões. O governo tem desde ontem – e deve cobrar gestos concretos dessa atitude – um suporte suprapartidário para que não se torne refém no parlamento do ressentimento dos atingidos pelo combate à imoralidade.


Nenhum comentário: