EDITORIAIS
As pesquisas de opinião pública feitas desde que o Brasil conquistou o direito de realizar sua segunda Copa do Mundo indicam que a população brasileira apoia a iniciativa, mas teme e rejeita gastos públicos irresponsáveis com a competição. Os protestos ocorridos durante a Copa das Confederações mostraram um crescente repúdio ao desperdício, à construção de estádios que dificilmente serão aproveitados depois do final do certame. Ainda falta um ano para o início do Mundial e não há como adiá-lo, mas nunca é tarde para responsabilizar e cobrar ressarcimento de governantes e autoridades que aprovaram gastos desnecessários.
Diante da pressão das ruas, visível particularmente em torno das majestosas arenas que abrigaram as competições da Copa das Confederações nas últimas duas semanas, integrantes do governo, incluindo a própria presidente Dilma Rousseff, saíram a campo num esforço de prestar esclarecimentos sobre os gastos. Ainda que não haja dinheiro do orçamento da União sendo aplicado nas obras, porém, o fato é que os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a renúncia fiscal para a compra de equipamento e matéria-prima necessária à construção de estádios envolvem, sim, dinheiro público. E a aplicação de recursos oficiais precisa ser acompanhada sempre com rigor pela sociedade.
Por mais que o país corra atrás para recuperar o atraso nos cronogramas de obras e cumprir com os compromissos assumidos, o fato é que alguns empreendimentos serão lembrados sempre como um símbolo do desperdício. O caso mais típico, e que não pode se repetir, é o do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, com custo final equivalente a no mínimo o dobro dos recursos orçados inicialmente e sério risco de perder o sentido depois de encerrada a Copa.
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