RUÍDO NO GOVERNO
Primeiro, Michel Temer afirmou que não há prazo suficiente para fazer um plebiscito e aprovar a reforma política a tempo de as regras valerem na eleição do ano que vem. Horas depois, o vice-presidente lançou nota dizendo exatamente o contrário. O vaivém demonstrou a dificuldade provocada pela falta de apoio dos aliados à proposta. Diante da resistência de governistas, a consulta só deve ocorrer no ano que vem, valendo para a campanha municipal de 2016.
Menos de cinco horas depois de afirmar que “temporalmente é impossível” aplicar um plebiscito que altere as regras do sistema político já em 2014, o vice-presidente Michel Temer recuou e disse que o “governo mantém a posição de que o ideal é a realização da consulta em data que altere o sistema político-eleitoral já nas eleições de 2014”.
O vaivém foi criticado pela oposição e pelos aliados, ampliando a tensão no Planalto e a dificuldade de articulação política. Sem apoio até mesmo de governistas, o governo enfrenta barreiras para emplacar a consulta ainda em 2013. Ela deve ficar para o ano que vem.
Na manhã de ontem, Temer se reuniu com os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para tratar do plebiscito. Também participaram do encontro líderes de partidos aliados na Câmara.
Por volta do meio-dia, questionado se estava claro, entre os líderes partidários e o governo, que não haveria tempo suficiente para viabilizar um plebiscito que alterasse as regras do sistema político já em 2014, Temer respondeu:
– A esta altura, embora fosse desejável, temporalmente é impossível.
As declarações causaram mal-estar no Palácio do Planalto e irritaram a presidente Dilma Rousseff. Por volta das 17h, a assessoria dele enviou nota em que o peemedebista afirma que a declaração anterior não havia sido feita em nome do governo. “A minha declaração sobre a realização do plebiscito da reforma política relatou a opinião de alguns líderes da base governista na Câmara”, diz o texto.
Líder do PSB critica Planalto
Esta é a segunda vez que o governo recua em uma decisão sobre a reforma política. No final de junho, o ministro Aloizio Mercadante, afirmou que o governo desistiu da proposta de instituir uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma política. A proposta havia sido anunciada no dia anterior.
A base governista também não demonstra consenso sobre a realização do plebiscito. Publicamente, apenas dois partidos declararam apoio à iniciativa presidencial: PT e PC do B. O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), classificou como impressionante o “nível de improvisação” do Planalto.
– Estamos percebendo a fragilidade das ações do governo – afirmou o senador, entusiasta da candidatura presidencial do governador Eduardo Campos (PSB-PE).
Presidente do DEM, o senador Agripino Maia (RN) também criticou a posição do governo:
– Nunca senti firmeza na manifestação do Temer e queria que ele tivesse mantido a posição que os líderes interpretaram (da falta de tempo para aprovar a reforma).
Já o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), classificou como “engodo” a proposta do plebiscito.
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