ZERO HORA 21/01/2015 | 04h40
Rosane de Oliveira
Mais uma vez, o governo federal escolheu o caminho fácil do aumento disfarçado do Imposto de Renda da Pessoa Física para engordar a receita. Ao vetar a correção de 6,5% na tabela do IR, a presidente Dilma Rousseff está, na prática, impondo mais um sacrifício aos assalariados, que desde 1996 perdem um pouco a cada ano por conta da correção abaixo da inflação.
Um estudo do Sindifisco mostra que, se a tabela for corrigida em 4,5%, como anunciou o ministro Pepe Vargas, e a inflação ficar em 6,79%, a defasagem acumulada de 1996 para cá será de 67,88% ao final deste ano.
Essa é a diferença entre a correção da tabela e o IPCA do período. A culpa não é exclusiva da presidente Dilma Rousseff: seus antecessores, Lula e Fernando Henrique Cardoso, também castigaram os assalariados.
De 1996 a 2001, FH manteve a tabela congelada. Nesse período, a inflação medida pelo IPCA foi de 45,6%. No ano eleitoral de 2002, FH aplicou uma correção de 17,5% e suprimiu a faixa com alíquota de 35%. Eleito, Lula manteve os mesmos limites nos dois primeiros anos de governo. Corrigiu-a em 2005 e 2006, mas abaixo da inflação. No período de 2002 a 2006, segundo o estudo do Sindifisco, a inflação foi de 44,27% e a tabela teve correção de 39,59%.
De 2007 para cá, o governo adotou a política de atualizar a tabela do Imposto de Renda em 4,5%, centro da meta da inflação, sem se preocupar com os números reais. Em apenas dois anos (2007 e 2009) a inflação ficou levemente abaixo dos 4,5%.
Além de não corrigir a tabela, o que significa cobrar IR de uma parcela que deveria estar isenta e sacrificar os demais trabalhadores, o governo define valores irrisórios para o desconto com dependentes e gastos com educação. Faz isso porque é mais fácil achacar o assalariado do que cobrar dos sonegadores.
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