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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

SARTORI PEDE RIGOR




ZERO HORA 02 de janeiro de 2015 | N° 18030


CLEIDI PEREIRA e JULIANA BUBLITZ


POSSE NO RS

Crise financeira foi o tema central do primeiro discurso do novo governador, empossado ontem. José Ivo Sartori anunciou que fará os cortes necessários, garantiu transparência máxima e, evocando união, prometeu governo simples, honesto e eficiente

Ao tomar posse, o governador José Ivo Sartori (PMDB) deixou de lado as piadas e mudou o tom. Durante 24 minutos, diante de uma Assembleia lotada na tarde de ontem, pregou a necessidade de austeridade nas contas públicas, de eficiência e de transparência. Decretou o fim de um ciclo e de um “jeito de governar que se esgotou”, em uma crítica velada ao antecessor, Tarso Genro (PT), e mandou um recado a prefeituras e demais poderes: quer dividir responsabilidades.

O 38° governador do Estado, eleito com 3,8 milhões de votos em outubro passado, também disse que o momento exige “medidas corajosas” e que sua missão é “plantar a semente da mudança”. Apesar de prever tempos difíceis, foi aplaudido sete vezes durante o discurso no Parlamento, onde ocupou cadeira por duas décadas.

– Precisamos sair da “era do carimbo”, e isso só vai acontecer com um olhar de prioridade, simplicidade, eficiência e modernidade. A sociedade gaúcha olha para frente, e o Estado precisa fazer o mesmo: chorar menos e agir mais, improvisar menos e planejar mais, falar menor e fazer mais – destacou.

Criticado durante a campanha por não apresentar propostas, Sartori voltou a afirmar que não fará promessas. Mas, desta vez, confirmou medidas duras logo no começo da gestão (leia mais na página ao lado) e assegurou que o Estado não gastará mais do que arrecada. Também lembrou que o RS não dispõe mais “dos remédios usados em outras épocas”, como privatizações e depósitos judiciais, para encobrir sucessivos déficits. E que, por isso, será preciso governar de forma criativa e realista. Repudiou a visão derrotista que, segundo ele, domina o Estado:

– Há um Rio Grande muito grande que dá certo todos os dias na vida real. Mas precisamos reconhecer que o governo se distanciou da sociedade. O povo gaúcho é vibrante, valoroso, ágil, inovador. O governo, às vezes, é distante e burocrático. Vive por si e para si e não tem foco no cidadão.

Sartori deixou o Legislativo aplaudido de pé. Acompanhado de familiares e aliados, subiu a escadaria do Palácio Piratini repetindo o rito que seu partido, o PMDB, não protagonizava desde janeiro de 2003, com a ascensão de Germano Rigotto. Recebeu de Tarso desejos de boa sorte. Fez um discurso mais ameno, sem críticas, e até elogiou o adversário derrotado. Ao final, pediu união. E deixou uma mensagem de otimismo:

– Vamos com calma, com prudência, mas vamos fazer, avançar.



Pagamentos adiados e cortes nas viagens

CARLOS ROLLSING

Será de contenção de despesas a primeira medida do governo de José Ivo Sartori. Hoje, ele assinará um decreto para prorrogar por 180 dias o prazo de quitação dos restos a pagar deixados pela gestão de Tarso Genro. São, em maioria, contas com fornecedores e prestadores de serviço. Com o prazo alongado, a estimativa é manter em caixa cerca de R$ 700 milhões para cumprir a folha de pagamento até abril, período crítico devido à queda de receitas.

– A finalidade não é deixar de pagar, mas não perder o fluxo do caixa. A prioridade é pagar pessoal – destaca o chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi.

O decreto também trará uma série de restrições para gastos com passagens aéreas, diárias, consultorias e horas extras. É possível que viagens sejam autorizadas somente em casos de extrema necessidade.

Biolchi e os secretários Geral de Governo, Carlos Búrigo, e da Fazenda, Giovani Feltes, começarão a se reunir hoje com os demais integrantes do primeiro escalão. Nas conversas, os secretários receberão uma pasta onde constará a quantidade de cargos que cada um poderá nomear. Ainda serão informados os cargos em comissão (CCs) que deverão ficar vagos, inclusive alguns de salários mais elevados. Nesse ponto, a redução de postos ficou, em média, na casa dos 30%. É outra determinação de Sartori para reduzir custos.

Também hoje à tarde, Biolchi, Feltes e Búrigo apresentarão ao secretariado um estudo sobre a situação financeira do Estado, feito por uma empresa privada. Aliados de Sartori indicam que, caso não haja medidas, o déficit em 2015 poderá ser de R$ 5 bilhões. Outra reunião para tratar das finanças ocorrerá no domingo com todo o secretariado, quando serão discutidas novas medidas de contenção que devem ser adotadas até fevereiro.

Paralelamente aos ajustes de contas, o núcleo do governo trabalha para formatar o segundo escalão. Já está definido que Flávio Presser será o diretor-presidente da Corsan, mas as demais estatais seguem sem comando. Uma das prioridades é a definição sobre a CEEE, que deve ser entregue ao PSB. Hoje à tarde, o deputado federal Beto Albuquerque se reunirá com o governador. Sartori deseja que o ex-vice-governador Beto Grill seja o presidente, mas anunciou que não pretende atuar no segundo escalão.

PRESSÃO DE ALIADOS SEGUE APÓS A POSSE

A estruturação do governo, conduzida de forma lenta por Sartori, causa descontentamento. Ontem, em meio à posse, o deputado estadual Paulo Odone, presidente do PPS, reclamou:

– Sartori sempre diz que me adora, que vai resolver, mas nunca diz o espaço do PPS. No tempo em que não tinha com quem andar na rua, quem estava com ele era o PPS e o PSB.

Além de Presser na Corsan, o PPS busca a indicação de Sérgio Camps para a Sulgás ou CEEE, e o próprio Odone pretende integrar o segundo escalão.

À noite, Sartori se reuniu com o secretariado no hotel Everest. Ao entrar na sala, pediu a interrupção do debate quando a imprensa apareceu. Alguém disse: “Temos de ficar quietos”. Sartori rebateu: “Tem de ficar, mas tem gente que ainda não aprendeu”. O recado mostrou a irritação de Sartori com o vazamento de informações, principalmente sobre o decreto dos “restos a pagar”. Após a reprimenda aos secretários, houve silêncio absoluto. A noite acabou com um jantar de confraternização.






 

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