ZERO HORA 12 de janeiro de 2015 | N° 18040
POR DIOGO SQUEFF FRIES*
Encerradas as eleições, o partido vitorioso e seus aliados passam a definir a ocupação dos ministérios e secretarias. Em busca da chamada “governabilidade”, caracterizada pelo alinhamento entre Executivo e Legislativo, cargos no primeiro escalão são oferecidos.
Ocorre que, nesse jogo político, quem perde é a sociedade, pois a experiência administrativa e o perfil técnico não raro são relegados a um segundo plano. O que importa é a governabilidade. Sem desconsiderar a sua importância, o que assusta são as motivações das nomeações. Cargos foram entregues a políticos sem qualquer afinidade com as respectivas áreas. É a política do toma lá dá cá, na qual quem favorece alguém é por este favorecido.
Na base aliada do governo federal, o PCdoB, antes com 15 deputados na bancada, terá 10 neste mandato. O PRB saltou de 10 para 21. Como consequência, o PCdoB deixa o pujante Ministério dos Esportes – em evidência com a Olimpíada de 2016 – e a bola é entregue ao PRB. Aos olhos do partido, ganha como prêmio de consolação a Ciência e Tecnologia. E quem são os respectivos ministros e suas políticas? Isso, muitas vezes, pouco importa.
Em nível estadual não é diferente. O governador eleito afirmou que pretendia montar um secretariado que mesclasse perfil técnico e político. Ao que parece, a tão buscada governabilidade falou mais alto. Chegou-se ao inusitado ponto de termos secretário nomeado afirmando que a área é uma novidade para ele. Por trás de algumas nomeações, a consequência é que a fila anda e suplentes assumem vagas na bancada estadual. É o jogo político e a sua lógica distante daquela fundada na meritocracia que impera na iniciativa privada.
Longe de adentrar na análise das nuances políticas, o que se pode dizer é que este modelo político-partidário é falho. Ele prioriza a alocação de políticos em detrimento das necessidades da sociedade. O que os governos precisam, isto sim, são técnicos e gestores notoriamente capacitados nas áreas a eles confiadas. Precisamos de governos e políticos conscientes e que não fujam de suas reais responsabilidades.
*Advogado
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O "preço da governabilidade" nada mais é que uma justificativa para corromper o poder fiscal e normativo. O artifício de distribuir emendas para garantir votos em projetos e de ofertar cargos para aumentar a base aliada e reduzir a pó a oposição é um claro ato de corrupção ativa que "ocorre quando alguém oferece alguma coisa para que um agente público faça ou deixe de fazer algo que não deveria", que é analisar com responsabilidade os projetos oriundos do Executivo e de fiscalizar os atos do Executivo.
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