JORNAL DO COMÉRCIO 08/01/2015
Darcy Francisco Carvalho dos Santos
Entre 1987 e 2014 houve sete governadores. A maioria recebeu o governo em más condições, mas nenhum deles em situação financeira tão precária como o governador José Ivo Sartori (PMDB), tanto pela dimensão e rigidez dos déficits, como pelo esgotamento dos recursos para seu financiamento, pelas seguintes razões: o déficit projetado para 2015 é superior a R$ 5 bilhões e com comportamento crescente. Como agravante, os déficits, que eram em grande parte potenciais, passaram a ser reais, porque as despesas já foram feitas. Isso porque foram concedidos reajustes a categorias representativas de servidores, em percentuais que chegam ao dobro daquele esperado para o crescimento da receita, até 2018.
O maior percentual de reajuste para o magistério (13,7%) foi concedido, com um reflexo de R$ 1 bilhão na folha de 2015, para cujo pagamento não há recursos no orçamento. Foram desrespeitados dois princípios basilares da responsabilidade fiscal, que é gastar muito além da arrecadação e gerar despesas permanentes e crescentes custeadas por recursos finitos. Os depósitos judiciais estão com o saldo praticamente zerado. Os ingressos futuros servirão apenas para pagar os juros, calculados com base na taxa Selic sobre os saques efetuados, que alcançam R$ 8 bilhões, 73% dos quais pelo governo que saiu.
A margem para novas dívidas no curto prazo está esgotada pelas operações de crédito efetuadas em 2014. E para piorar a situação, a economia está com um crescimento muito baixo, o que se refletirá na arrecadação, mas que deve apresentar pequena melhora em função de um fator negativo, que são os reajustes da energia e dos combustíveis, acima da inflação. Faço essas constatações sem nenhuma motivação que não seja demonstrar a verdade, quase sempre escondida nas respostas evasivas dos entrevistados ou nos textos distorcidos pelas mentes ofuscadas pelo fanatismo.
Contador e economista
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