VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 10 de janeiro de 2015

DA CAMPANHA À REALIDADE

REVISTA ISTO É N° Edição: 2354 | 09.Jan.15


Governadores tomam posse e, nas primeiras ações, já mostram o abismo entre as promessas eleitorais e a prática administrativa, ao aderirem ao nepotismo e nomearem secretários de conduta questionável


Ludmilla Amaral





DISCREPÂNCIA
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel,
fez um discurso de moralização, mas agiu de modo diferente

Os primeiros atos de governadores recém-eleitos revelam um fosso profundo entre o que foi dito na campanha e o exercício do poder. O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), é um caso emblemático. Durante a campanha, o petista fez um discurso de moralização do Estado calcado na transparência e no respeito aos anseios da população. Contudo, ao anunciar os nomes que passaram a integrar, a partir deste mês, o primeiro escalão do governo, indicou nada menos do que 11 secretários que respondem a processos na Justiça ou que já tiveram seus nomes atrelados a escândalos. Entre eles, Marco Antônio Teixeira, novo secretário da Casa Civil. Teixeira é réu ao lado do próprio Pimentel em dois processos: um referente a improbidade administrativa na implantação do programa Olho Vivo em Belo Horizonte, em 2004, e outro no caso do superfaturamento em contratos para a construção de casas populares. Já o novo secretário da Fazenda, José Afonso Bicalho, é réu no chamado mensalão tucano de Minas Gerais. Nomeado para a pasta do Desenvolvimento, Paulo Guedes, além de responder a três processos, é citado na Operação Curinga da Polícia Federal como um dos beneficiários do esquema de compra de votos montado pelo vice-prefeito de Monte Azul, Toninho da Barraca (PT). “Creio que algumas opções foram equivocadas, pessoas erradas em lugares errados. A nossa bancada de oposição estará atenta”, afirmou à ISTOÉ Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro. Em nota, Pimentel disse que “em todos os casos citados ainda não houve julgamento ou há possibilidade de recurso”.

Fernando Pimentel nomeou
11 secretários com problemas na
Justiça ou que já se envolveram em escândalos


Seguindo a toada de contradições, Suely Campos (PP) é outra que ilustra bem o abismo entre o discurso eleitoral e a prática no poder. A chefe do Executivo de Roraima teceu duras críticas aos apoiadores da candidatura do adversário Chico Rodrigues (PSB), ao afirmar que o Estado não poderia ser governado por “uma oligarquia formada por uma família”. Embora tenha dito isso, Suely nomeou 19 parentes de primeiro e segundo graus para ocuparem cargos no serviço público, alguns de primeiro escalão. Entre eles, as filhas Emília Santos e Daniele Araújo para comandarem a Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social e a Casa Civil, respectivamente. Sua irmã, Selma Mulinari, está à frente da Secretaria de Educação. Os sobrinhos Fred Linhares (Gestão Estratégica e Administração), Kalil Coelho (titular de Saúde) e Paulo Linhares (adjunto de Saúde) também foram nomeados. Uma farra nepotista. O sogro da filha, Josué Filho, assumiu a Secretaria de Justiça e Cidadania. No Rio Grande do Sul, a discrepância entre o que foi dito antes e o feito depois foi observada nas ações do governador José Ivo Sartori (PMDB). Ele tinha como proposta orçamentária “renegociar de forma útil para o Estado a dívida com a União, agir por reforma tributária, equilibrar contas de forma consistente e duradoura”. Contudo, apenas um dia após ser empossado, Sartori decretou uma moratória: suspendeu a dívida, orçada em R$ 700 milhões, deixada pelo antecessor – os chamados “restos a pagar” – por 180 dias. Não foi um bom começo.

Foto: Manoel Marques

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