Geraldo Costa da Camino, Procurador-geral do Ministério Público de Contas do Estado do Rio Grande do Sul e presidente do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Contas - ZERO HORA 09/10/2011
Celula mater da sociedade, a família foi reafirmada como instituição recentemente. É que o governador pernambucano Eduardo Campos demonstrou-se, a um só tempo, filho extremoso e cacifado líder político, vendo ungida ministra do Tribunal de Contas da União – após campanha como nunca antes na história deste país foi vista – a deputada Ana Arraes, sua mãe. Nada de novo, contudo, ao se erigir o vínculo familiar como atributo para ascensão àquela Corte. Os ex-governadores do Paraná e do Rio de Janeiro Roberto Requião e Marcello Alencar já se haviam destacado nesse quesito, ao indicarem, respectivamente, irmão e filho aos Tribunais de Contas de seus Estados. Mais remotamente, até um presidente da República, Costa e Silva, teve sua família prestigiada com a nomeação de um irmão para o órgão de controle gaúcho.
O nepotismo, porém, não é o único descritério a lamentar na recente escolha. Segundo se noticia, seu pano de fundo tem as cores da próxima eleição presidencial, inclusive pela faixa que até há pouco envergava o mais vistoso dos cabos eleitorais da deputada. Pouco original, também por tal ângulo, o uso do elevado cargo como moeda de troca no cenário político. Há cinco anos, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves investiu no cargo de conselheira a esposa de seu vice-governador, que concordara em não integrar a chapa à reeleição. Incontáveis seriam os exemplos nessa seara, desde aqueles que se incluem entre medidas para atrair partidos para a base de apoio de governo aos que contemplam, qual ação entre amigos, dívidas de gratidão.
Até parece que, por vezes, alguns dos que indicam os membros das cortes de contas fazem de conta que levam em conta, na escolha, os requisitos constitucionais, quiçá na expectativa de que os nomeados, depois, façam de conta que tomam as contas daqueles que os indicaram. E, assim, o órgão que a Constituição quis de perfil técnico – guardião da responsabilidade, que é a outra face da República – adquire a feição política que não deveria estampar. Curioso paradoxo brasileiro: a democracia, rondando os 30 anos, mostra-se viçosa ao vislumbrar a maturidade; já a República, mais que centenária flor em botão, teima em não desabrochar. Público e privado, nesse e em outros terrenos, confundem-se com a colossal desfaçatez de sempre. Cordatos que somos, a tudo assistimos impávidos, e pouco além de muxoxos são ouvidos enquanto, como se aqui fosse Roma, alguns mandatários, com mal disfarçados sorrisos, seguem em cortejo “pisoteando alegremente o cadáver da República” (Rouland, Norbert. Roma, Democracia Impossível? Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997. P. 105).
A Sociedade organizada têm por dever exigir dos Poderes de Estado o foco da finalidade pública e a observância do interesse público na defesa dos direitos básicos e da qualidade da vida da população na construção de uma sociedade livre, justa e democrática. Para tanto, é necessário aprimorar as leis, cumprir os princípios administrativos, republicanos e democráticos, zelar pelas riquezas do país, garantir a ordem pública, fortalecer a justiça e consolidar a Paz Social no Brasil.
VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.
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