VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O SONHO DO PARLAMENTARISMO

ROMANTISMO POLÍTICO. Sonho do parlamentarismo sobrevive em Porto Alegre. Grupo se reúne para discutir modelo rejeitado há quase duas décadas - PAULO GERMANO, 13/10/2011

Duas bancadas de madeira, nove pessoas atentas à reunião no terceiro andar da Assembleia Legislativa, então o líder do grupo anuncia um apelo. Silêncio enquanto ele fala.

– Precisamos levar esta bandeira à sociedade, à imprensa, à mídia! Não é esta reforminha política, em discussão no Congresso, que mudará qualquer coisa profundamente. Vamos chamar a sociedade, vamos às ruas! – conclama o presidente do Movimento Parlamentarista Brasileiro (MPB), Nelson da Fonte Pilla, um engenheiro civil de 67 anos que, desde 1998, uma vez por mês, sai mais cedo do trabalho para coordenar debates como este.

No sábado, a entidade completa 13 anos de atuação ininterrupta – tem recesso só nas férias de verão. Sem maiores apoios políticos nem muito dinheiro para avançar, o movimento sobrevive apenas da disposição de seus membros em fazer deste um país melhor. Para eles, o melhor é que o Brasil adote o sistema parlamentarista.

Enquanto Pilla pronunciava seu discurso, e exigia que o Congresso debatesse o parlamentarismo na reforma política, a escritora Rosemarie Stein ergueu o dedo para interrompê-lo:

– Mas nem o voto distrital eles querem aprovar...

Os outros se entreolharam: concordavam com ela. O presidente, então, disse que deveriam sair à caça de assinaturas na rua, como ocorreu no projeto da Ficha Limpa, lei que barra políticos enrolados na Justiça. Em sinal de positivo, todos balançaram a cabeça – porque ninguém ali tem o direito de contestar uma visão idealista, afinal, é o idealismo que une todos eles.

– A gente sabe: defender o parlamentarismo é como procurar água em deserto. Mas nossa ideia é nunca deixar essa discussão sumir – diz o administrador de empresas Carlos Alberto Pilla, 67 anos.

Só que a Ficha Limpa conquistou ampla adesão pela internet. No encontro de segunda-feira, o bancário aposentando Luiz Carlos Pohlmann Correa, 82 anos, reclamava do site do MPB: um antigo membro do grupo, ausente das reuniões faz tempo, ficou com a senha de acesso.

– E a senha caducou. Ninguém consegue entrar no site – lamentava Pohlmann, lembrando que a última atualização do www.parlamentarismo.com.br é de 2008.

Formado por aposentados e profissionais liberais – grande parte com mais de 60 anos –, o MPB convive com isso: gente que frequenta os encontros por um tempo, depois desiste, gente com dificuldade de locomoção devido à idade, gente que fundou o movimento e já morreu. Aliás, o patrono da entidade é o ex-deputado Raul Pilla, morto em 1973. Conhecido como um papa do parlamentarismo, Raul era tio do atual presidente, Nelson Pilla, e do seu primo Carlos Alberto Pilla, fundadores da entidade.

Há outras celebridades políticas envolvidas com o MPB – embora pouco atuantes. Jarbas Lima, quando foi deputado, chegou a representar o movimento no Congresso, depois Fetter Jr. (PP), atual prefeito de Pelotas, chegou a defender interesses do grupo. Isso, em 1999. Desde lá, ninguém mantém uma defesa ferrenha do movimento.

– Tocamos como podemos. O parlamentarismo é o mais democrático dos sistemas. Mas, acima de tudo, defendemos é a cidadania, a democracia. Enfim, defendemos o amor à pátria – diz o presidente Nelson Pilla, que aceita adesões por email (parlamentarismobrasil@gmail.com).

O SISTEMA E O PLEBISCITO - O parlamentarismo se caracteriza pela colaboração entre Executivo e Legislativo para administrar. O presidente, que é o chefe de Estado, divide seus poderes com o primeiro-ministro, que é o chefe de governo. Na prática, quem governa o primeiro-ministro. Em 1993, um plebiscito enfraqueceu os parlamentaristas brasileiros, quando 55% dos eleitores optaram pelo presidencialismo.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Há muitos, como eu, que são a favor do PARLAMENTARISMO. Na minha opinião, seria a melhor forma de consolidar o Congresso como representante da nação e aumentar a responsabilização e comprometimento do Estado com as questões nacionais. O regime PRESIDENCIALISTA está mais para ditadura de uma coligação do que para um governo de todos.

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