VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

RITUAL DA HIPOCRISIA

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - ZERO HORA 27/10/2011


Pedra cantada há vários dias, a demissão do ministro do Esporte, Orlando Silva, foi consumada ontem seguindo quase o mesmo roteiro da hipocrisia que marcou outras demissões. Para efeito oficial, Orlando Silva pediu demissão, coisa que passou os últimos dias dizendo que não faria.

– Tomei a decisão de me afastar do governo para defender com ênfase a minha honra. A presidenta Dilma aceitou – disse o agora ex-ministro na entrevista em que anunciou a saída.

Na véspera, assessores da presidente já diziam que a situação dele se tornara insustentável com a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal para investigar as denúncias de irregularidades no Ministério do Esporte. Antes de Orlando chegar ao Planalto para a conversa definitiva com a presidente, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, confirmava a saída. Carvalho foi quem negociou com a cúpula do PC do B, desde terça-feira, o roteiro da saída do ministro – o quinto corpo que cai no ministério de Dilma por denúncias de corrupção. Nelson Jobim segue como a exceção: foi o único demitido por divergências com a presidente e com colegas de ministério.

Como todos os que saíram antes, ocorreu o mesmo ritual: em vão tentaram se manter no cargo, a presidente disse que não prejulgava, mas o ministro acabou caindo. Pela versão oficial, em todos os casos, o ministro atingido tomou a iniciativa de deixar o cargo para se defender das acusações. Em todos os casos, falou-se em linchamento político ou moral.

A demissão do titular não resolve o problema quando as suspeitas são da existência de uma máquina de desvio de recursos instalada dentro do ministério, seja para benefício de pessoas físicas, seja para financiamento de campanhas ou para manutenção de máquinas partidárias. O governo terá de fazer um pente-fino e livrar-se das laranjas podres, para não contaminar todo o cesto. Uma providência anunciada por Carvalho pode ser o começo do fim dos desvios: a suspensão temporária dos repasses de recursos dos convênios com organizações não governamentais para identificar que não estão cumprindo o contratado. É a hora de a Polícia federal mostrar serviço.

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